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A mulher que tirou Jordan Peterson do Twitter e a diversidade da beleza

O psicólogo canadense que virou guru e ensina comportamento digno a muitos homens perdidos pisa na bola ao criticar modelo plus size

Por Vilma Gryzinski 20 Maio 2022, 07h50

É preciso reconhecer o feito de Yumi Nu, modelo americana de 25 anos, com japoneses e holandeses na árvore genealógica: ela conseguiu ser muito, muito mais comentada do que Kim Kardashian, a mulher com o corpo mais falado do planeta com quem dividiu uma das capas do número especial da revista Sports Illustrated com beldades de biquíni.

A súbita notoriedade da modelo foi induzida por outra personalidade muito comentada, embora sempre vestida: Scott Peterson, o professor de psicologia que ficou rico e famoso ao falar sobre uma vasta diversidade de assuntos e escrever uma versão de autoajuda que incentiva muitos rapazes e homens a assumir uma masculinidade saudável.

Peterson provavelmente nunca aconselharia seus milhões de admiradores a falar com desprezo, e ainda por cima na praça virtual, sobre o corpo de uma mulher. Mas foi exatamente o que fez ao comentar a capa com Yumi Nu: 

“Sinto muito. Não é bonita. E nenhuma quantidade de tolerância autoritária vai mudar isso”.

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É fácil ver a motivação: Peterson se distingue no mundo intelectual por contestar, com uma vasta a ferina gama de argumentos, os fundamentos dos princípios politicamente corretos. Já se meteu em várias encrencas por causa disso. Achou que cairia bem criticar a “tolerância autoritária”, a repetição infinita de que todos os corpos são bonitos, todos (ou principalmente todas) devem viver perfeitamente felizes com o quinhão que a natureza lhes deu e alterações radicais só em nome de causas justas, inclusive nos casos de dismorfia de gênero.

Caiu muito mal. Ficou parecendo um tiozão que zomba de uma jovem mulher. É feio isso e mostra que usar terno e colete não confere automaticamente a um homem o rótulo de cavalheiro.

Peterson foi tão criticado que acabou anunciando que estava saindo voluntariamente do Twitter.

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Yumi Nu, chamada de plus size, um termo elegante para quem tem altos índices de massa corporal, comemorou dublando uma música abusada de Nicki Minaj.

A modelo, que é neta do milionário fundador de uma rede de restaurantes japoneses e sobrinha de outra beldade profissional, Devi Aoki, é linda e gorda e certamente tem uma legião de admiradores que babam por seu corpo bem cheio.

A beleza da diversidade está exatamente nisso: gostos e preferências variam. Dizer que não existem padrões estabelecidos de beleza é tolice – existem sim e provocam muito sofrimento, tantas vezes inútil, em especial quando adolescentes estão descobrindo a atração sexual e seu séquito de emoções.

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Uma das maiores constantes do padrão de beleza para as mulheres é a relação entre a circunferência da cintura e a do quadril, um padrão que Kim Kardashian levou a extremos tão grandes que parecem suprahumanos. Quantas mulheres não fazem todo tipo de sacrifícios e intervenções cirúrgicas para emular a cinturinha minúscula, os seios inflados e os quadris e nádegas avantajados da família Kardashian?

Fazer cirurgias estéticas é uma afirmação de poder ou submissão a padrões de beleza? Ativo ou passivo? Feminista ou machista?

Alterar e controlar o próprio corpo faz parte de todas as culturas humanas e não existem respostas fáceis.

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Num artigo no New York Times, a autora Melissa Febos escreveu sobre a trajetória que a levou a fazer uma cirurgia de redução dos seios, depois de muito tempo se debatendo com a possibilidade. Ela conta como, desde os onze anos, foi definida pelos seios muito grandes – e assediada, apalpada, seguida e colocada numa posição em que isso a definia quase que exclusivamente.

Melissa, que é casada com uma mulher, e usa argumentos feministas para sua cirurgia. Escreveu o tipo de artigo – argumentos feministas para sua operação – que começamos a ler com má vontade, mas descobrimos um raciocínio interessante e uma história humana única.

Seres humanos são complexos, desembarcam no planeta com uma grande variedade de modelos e têm o direito de aceitá-los ou tentar dar uma corrigida.

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Todo mundo sabe o que se fala, pelas costas, de uma pessoa muito gorda – e também dos excessivamente magros, entre outras características marcantes.

Não é elegante dizer isso na praça virtual. E Scott Peterson seria um dos últimos a poder esgrimir argumentos com base em saúde: ele passou por um período pesadíssimo, com tratamentos extremos para vício em benzodiazepínicos, insônia insuportável e grandes alterações de comportamento.

Detalhe: além de Kim Kardashian e Yumi Nu, posaram para a Sports Illustrated a cantora Ciara, espetacularmente curvilínea, e Maye Musk, a mãe do homem mais rico do mundo e provável futuro – ou ex – comprador do Twitter.

Ela continua a trabalhar como modelo e segura bem os 74 anos. Mas é uma mulher de idade. Jordan Peterson diria que a mãe de Elon, que hoje está no Brasil, não é bonita? 

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