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A guerra do gás: vai tudo mal entre Fernández e Cristina – e em tudo mais

Ela exige e ele cede, mas nada está resolvido entre o presidente fraco e sua vice forte, ainda mais num momento de inflação e desabastecimento

Por Vilma Gryzinski 9 jun 2022, 07h51

Tudo que pode ser feito de errado está sendo feito na Argentina – mas sempre tem espaço para piorar.

As reservas de Vaca Muerta têm o potencial de salvar o país do desabastecimento e gerar 30 bilhões de dólares em divisas anuais, fato que Matías Kulfas ressaltou na carta de 14 páginas em que entregou a própria cabeça, pedida por Alberto Fernández – ou, mais especificamente, por ela, Cristina Kirchner. Em seu lugar, como ministro do Desenvolvimento Produtivo entrou Daniel Scioli, que tem mais estofo político e conseguiu ser um embaixador racional em Brasília.

Boa sorte, Scioli. Você vai precisar dela.

Vaca Muerta continua mal explorada e políticos muito vivos continuam a agir com obsessão suicida, dinamitando sistematicamente todo o potencial do país. Resultado: falta gás, falta diesel, a inflação anualizada bateu em 58% mas pode chegar a mais de 70% até o fim do ano. O controle de preços é patético. E Cristina está furiosa com as críticas de Kulfas, na saída.

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A estatal Energía Argentina, que é feudo dos Kirchner – mãe e filho -, acusou Kulfas de ter uma visão “míope” e ser um dos “funcionários que não funcionam”, uma das expressões favoritas de Cristina.

Com uma situação assim, quem precisa de oposição?

Certamente não Alberto Fernández, o presidente que imaginou poder administrar os problemas sistêmicos da Argentina e os criados pelos próprios políticos. Sem contar sua patrona, Cristina, com quem se reencontrou na sexta-feira, depois de meses de afastamento. A linguagem corporal não enganou ninguém. No dia seguinte, ela exigiu a cabeça do infeliz ministro.

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“Não satisfeito com os péssimos resultados de sua gestão, mostra-se preocupado com o subsídio à energia, que tem por objetivo proteger o poder aquisitivo das famílias”, dispararam os kirchneristas contra Kulfas. “O que pretende ele? Que os domicílios recebam contas de 50 mil pesos de luz e gás?”.

O pano de fundo da briga é o gasoduto Néstor Kirchner, cuja construção está sendo investigada pela justiça federal.

O juiz Daniel Rafecas, um dos pesadelos do clã Kirchner, aproveitou o momento e convocou o ex-ministro a depor. Também quer ver toda a documentação sobre o fornecimento de dutos para a conexão de Vaca Muerta com Saliqueló, na província de Buenos Aires.

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Em se cavando, muita coisa aparece.

A ruptura entre Cristina e Alberto, que estava escrita em todas as estrelas onde está projetada a complicada história das disputas internas do peronismo, foi consumada quando o governo assinou um acordo com o FMI para salvar o país de ficar para sempre confinado à casta dos intocáveis.

Os compromissos de reduzir  déficit, subsídios e a inútil insensatez das medidas dirigistas empalidecem diante da realidade do controle cambial, controle de preços, controle das exportações de carne, mas mesmo assim o governo argentino vai receber quatro bilhões do FMI. Em vez de comemorar, os kirchneristas uivam de raiva.

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A inflação projetada para junho é de 5,1%. O gás subiu entre 18,5% e 25%. A luz, 16,5%. O pão, 8,3%. O inverno está chegando e a calefação se torna um problema existencial.

“Se não sabem o que fazer, que não façam nada”, apelou Martín Migoya, fundador de uma empresa de alta tecnologia, durante um evento da Associação Empresarial Argentina.

Martín Guzmán, ministro da Economia cuja cabeça também está na lista de desejos de Cristina, previsivelmente não convenceu nenhum dos participantes das boas intenções de um imposto sobre lucro inesperado.

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“Boa parte dos empresários mostra otimismo no longo prazo e com as oportunidades da Argentina, sobretudo em energia, agro e economia do conhecimento”, anotou o Infobae.

O problema é o inferno astral do curto prazo. 

Com índices de desaprovação passando dos 70%, Alberto Fernández diz que quer ser reeleito para “que o neoliberalismo nunca mais volte ao poder”.

Segundo as últimas pesquisas, a coalizão oposicionista liderada pelo “neoliberal” Mauricio Macri teria 28% dos votos, a frente peronista de Fernández receberia 26% e a surpresa política do momento, o libertário Javier Milei, teria 23%.

Os argentinos buscam respostas. O problema é que elas acabam sendo sempre mesmas.

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