‘New York Times’ elogia Machado de Assis: ‘Um mestre da narrativa’
Jornal americano indica a leitura de uma coletânea de contos do escritor brasileiro que acaba de ser publicada nos Estados Unidos
O jornal americano The New York Times dedicou uma resenha elogiosa ao livro The Collected Stories of Machado de Assis, coletânea de 76 contos do escritor brasileiro que foi lançada neste mês nos Estados Unidos. No texto, intitulado Um mestre da narrativa do Brasil do século XIX, herdeiro de gigantes e totalmente sui generis, a crítica literária Parul Sehgal apresenta Machado de Assis ao leitor americano, falando sobre sua vida, fases literárias e influências.
Parul lembra que o carioca já foi comparado a diversos escritores, do mundo inteiro e com estilos diversos. “Para Stefan Zweig, Machado era a resposta do Brasil a Dickens. Para Allen Ginsberg, ele era outro Kafka. Harold Bloom o chamava de descendente de Laurence Sterne, e Philip Roth o comparou a Beckett. Outros citam Gogol, Poe, Borges e Joyce”, diz. “No prefácio de The Collected Stories of Machado de Assis, o crítico Michael Wood invoca Henry James, Henry Fielding, Chekhov, Sterne, Nabokov e Calvino — tudo isso em dois parágrafos.”
Em seguida, a crítica comenta a transição da escrita de Machado do romantismo para o realismo. “Uma doença prolongada (Machado era epilético), e a quase perda de visão chamaram a atenção dele. O romântico gentil se transformou em um irônico perverso cujas intrusões autoritárias, saltos e travessuras influenciaram experimentalistas americanos como John Barth e Donald Barthelme.”
“As histórias de Machado pulsam com vida”, escreve Parul Sehgal. “Os finais são frequentemente obscuros e estranhos, às vezes abruptamente truncados. (…) Uma característica curiosa das histórias de Machado é que o Brasil está muito ausente. Há poucos marcos geográficos, poucas menções ao clima. Mas há alusões a Molière e Goethe. Romances e autores são as sinalizações. Como seus personagens, Machado era uma criatura da literatura; tinta circulava em suas veias. Apesar de ele nunca ter ido muito longe de sua cidade natal ele lia muito, reivindicando toda a cultura, toda a Europa – dando a seu trabalho aquele sentimento marcadamente aberto, cosmopolita.”