Sindicato ajuda planos de Bolsonaro para a Caixa
Entranhas de Brasília revelam que o cenário político do país é ainda mais confuso. Entidade filiada à CUT apoia plano que fortalece desestatização
As gafes e intrigas de Jair Bolsonaro não bastam para traduzir a complexidade da política nacional. Por onde se olha, há fatos contraditórios e antagônicos.
É o caso, por exemplo, da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que tem uma proposta com potencial de facilitar os planos de desestatizar algumas operações da Caixa Econômica Federal.
Sob a justificativa de equacionar os prejuízos do “Saúde Caixa”, a entidade propõe a criação de uma mensalidade extra para os beneficiários, o que deve acelerar a falência do plano, que pertence e é gerido pelo banco estatal.
O plano de saúde pertence e é gerido pelo banco. Ele tem baixas mensalidades, excelente rede de atendimento e dá prejuízo. Defensores de sua extinção costumam alegar que o banco não deveria possuir uma empresa de planos de saúde deficitária.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, fez algumas sugestões para resolver o rombo. Todas foram rejeitadas por sindicatos, que avaliam que elas, na prática, inviabilizariam e levariam à extinção do plano. Agora, a administração da instituição permitiu que os sindicatos decidam, por meio de votação nos dias 25 e 26 de outubro, como resolver a questão.
Entidade com mais filiados, a Contraf deve vencer a disputa contra a Confederação dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec), incapaz de gerar grande mobilização. Se isso se confirmar, será criado um 13º pagamento anual obrigatório e proporcional ao salário. Assim, no mês de pagamento duplo, haverá gente precisando pagar valores entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. Com isso, a tendência é que os empregados que recebem os maiores salários deixem o plano, desfalcando ainda mais as receitas e acelerando a falência do Saúde Caixa.
Como explicar o Brasil? No fim das contas, sindicatos que criticam os planos de desestatização contribuirá, indiretamente, para que eles se concretizem.