A fusão entre DEM e PSL deve ser concretizada porque o antigo partido do presidente Jair Bolsonaro, junto com o PT, tem o maior caixa. Simples assim, como dois e dois são quatro.
Ao leitor desatento, o fundo eleitoral divide os valores de acordo com o tamanho do partido nas últimas eleições – o que elegeu.
Para se ter uma ideia, somando com o caixa do DEM e do PSL dá, ao todo, R$ 330 milhões para o financiamento das eleições em 2022. Isso não é pouco. É um ativo político importantíssimo.
O que foi o PSL? O PSL era um partido nanico, que cresceu por razões do sucesso de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Um partido de ocasião, um nanico que cresceu apenas naquela oportunidade.
O DEM é um partido de direita, que veio da ditadura, mas que no período democrático se afastou dessas suas raizes. Mas, agora na gestão ACM Neto, caminhou novamente para a direita, e seus expoentes como Ronaldo Caiado, um governador que apoia Bolsonaro e apoia as pautas do governo Bolsonaro, têm deixado isso claro.
Importante: a legenda vai ter entre seus quadros Luiz Henrique Mandetta, que nos últimos tempos fez suas caminhadas pelo país para tentar mostrar ser uma terceira via. Agora, não se sabe o que vai ser do próprio ex-ministro da Saúde que saiu com aprovação alta e tinha um importante ativo político nas mãos.
Isso porque, na junção, a nova legenda ainda está abrigando pessoas do bolsonarismo radical, como as parlamentares Carla Zambelli e Bia Kicis. Claro, eles pretendem sair para se filiar ao partido ao qual o Bolsonaro vai se filiar.
Mas a única razão para que o Bolsonaro não esteja nesta legenda é a briga de poder com Luciano Bivar. Ou seja, não tem nenhuma diferenciação ideológica. As ideias de Bolsonaro são as ideias que estavam no partido. Lembrando: a briga foi apenas por poder. Os filhos de Bolsonaro queriam mandar no partido e Bivar não quis porque é dono da legenda.
Nas majoritárias, o dinheiro conta muito mais. O DEM pode estar perseguindo uma miragem. Ficará com uma bancada grande, mas na eleição o PSL dificilmente repetirá o desempenho de 18. Muitos podem não se reeleger e o DEM pode não conseguir emplacar muitos candidatos. Para deputado não é só dinheiro do fundo partidário que conta. É mais a lealdade dos cabos eleitorais nos redutos de cada parlamentar.
Enquanto isso, ACM Neto está fazendo uma fusão que pode acabar tirando completamente o pouco de identidade que o DEM estava conquistando nos últimos tempos.
Sim, será um partido de direita, comandado por Luciano Bivar, um ex-presidente de partido nanico e com mentalidade de partido nanico, o que é o mais importante. Certamente não é uma força nova, ainda que, provavelmente, de direita democrática.