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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Por que os bolsonaristas estão errados sobre a CPI

Como a Comissão venceu a semana, apesar de o governo e seus seguidores dizerem o contrário 

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 out 2021, 19h11

A CPI da Covid foi extremamente criticada nesta semana. Uma das visões mais repetidas é a de que a Comissão virou palco para maluco.

Ainda que a CPI tenha estado mal preparada para o depoimento do empresário Luciano Hang, quase que servindo para fazer publicidade de sua empresa, a ida do bolsonarista mostrou mais uma vez que tipo de pessoa cerca Jair Bolsonaro.

Hang, como disse aqui, foi corajoso, mas mostrou todo um lado negacionista da vida que cerca o presidente, e que contribuiu para que o país tivesse recordes de mortes pela Covid-19.

Ainda que o saldo geral da semana seja negativo, serviu também para mostrar que um empresário como Otávio Fakhoury é também um negacionista, falou contra a vacina, deu informações erradas, corrigidas pela Anvisa na mesma hora, como o dado de que não há nenhuma vacina na fase 3.

Ou seja, ele mentiu na CPI, inventou uma fake news sentado ali na frente de todos, e a Anvisa soltou uma nota quase que imediata para corrigi-lo, atuando praticamente como uma agência de checagem de jornalistas.

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Fakhoury falou que a família dele não ia se vacinar e defendeu a cloroquina, todos aqueles remédios tão elogiados pelo presidente Jair Bolsonaro. O empresário mostrou ainda que ajudou a estimular o uso de medicamentos sem comprovação científica.

Ao mesmo tempo, deixou claro como é oportunista, um bolsonarista clássico. Nega, faz toda essa campanha que pode afetar a saúde pública, mas por outro lado, ele é do Força Brasil e o Força Brasil tentou vender vacina para o Ministério da Saúde. Aliás, só não conseguiu porque a própria CPI revelou alguns fatos, além da resistência dentro da própria máquina pública.

Então, o único argumento que os parlamentares bolsonaristas têm é dizer que negócios escusos não foram feitos. Não foram feitos porque a máquina resistiu e teve a CPI que começou a denunciar, para evitá-los. Mas, se dependesse deles, aconteceria.

Ainda que na espuma pareça uma vitória do governo, a semana na CPI foi uma radiografia do nosso tempo. O próprio Luciano Hang deixou uma fratura exposta.

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Como escrevi na coluna, o empresário sabia que a mãe, vítima da Covid-19, tinha sido tratada com todos aqueles remédios, mas, mesmo assim, fez uma campanha pelo tratamento precoce, após a morte da mãe, afirmando que ela não recebeu esse tratamento. Para isso, usou um jogo de palavras. Não disse “cloroquina”, mas referiu-se a tratamentos paliativos, preventivos, que, na verdade, são a aplicação da cloroquina em pacientes com Covid.

A CPI serviu de palco também para a revelação de que há indícios de financiamento para atividades desses grupos que produzem fake News. Otávio Fakhoury chegou a dizer que seu principal investimento hoje é um escritório de coworking, um espaço que reúne vários profissionais num mesmo ambiente. Nesse caso, ele afirmou que seu coworking recebe jornalistas e blogueiros independentes.

Ou seja, está fazendo uma central para os divulgadores de fake News e mensagens de ódio, verdadeiros apoiadores do governo. Isso sem contar no fato de que Fakhoury teve que pedir desculpas por sua homofobia.

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