Por que as novas revelações podem complicar ainda mais a vida de Mauro Cid
Ou... os quatro efeitos das movimentações financeiras atípicas do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

O encrencado tenente-coronel Mauro Cid voltou ao noticiário. Desta vez, com movimentações atípicas descobertas pelo Coaf, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras.
Ele já foi acusado antes de envolvimento em tentativas de golpes de estado, fraudes em cartões de vacinas e manobras com as joias sauditas para que elas ficassem com o ex-presidente Bolsonaro, entre outras suspeitas.
Está preso.
Os fatos revelados produzem quatro efeitos: complicam sua vida, criam mais um problema para o ex-presidente, dão gás à CPMI do 8 de Janeiro (que andou bem fraca) e podem levar o Exército brasileiro a tentar se afastar mais do seu oficial da ativa. Até porque do que ele tem sido acusado não é exatamente o que um tenente-coronel deveria fazer no exercício de suas funções militares.
A dúvida agora é monetária.
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro movimentou cerca de R$ 3,2 milhões no período de julho de 2022 e janeiro de 2023, valor incompatível com o seu patrimônio ou com o salário líquido de R$ 17 mil que tem como militar de alta patente.
Foram R$ 1,8 milhão que entraram em sua conta e R$ 1,4 milhão que saíram durante esses sete meses, chamando a atenção dos investigadores do Coaf.
A defesa de Mauro Cid disse que tudo é lícito e que já foi esclarecido à Polícia Federal. Mas ele terá que provar às autoridades policiais e tributárias que existe uma origem comprovada para toda essa movimentação fora do padrão no soldo que ele tem. O tema é mais uma dor de cabeça para o líder da extrema direita, hoje inelegível.
Basta fazer o raciocínio de que o político ainda estava no poder quando as movimentações atípicas do seu ex-ajudante de ordens começaram.
Mauro Cid tinha outra fonte de renda para receber todos esses valores? É possível que um militar tenha outra atividade de trabalho, além da exercida no Exército? De onde saíram todos os valores “atípicos” que entraram na conta dele?
Essas são algumas das perguntas que serão feitas pelos investigadores.
O caso, revelado pelo jornalista Eduardo Gonçalves, mostra que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ainda fez uma transferência R$ 367 mil para os Estados Unidos no dia 12 de janeiro, quando Bolsonaro estava em solo norte-americano.
Para o Coaf, pode ser a “tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio” com fortes “indícios do crime de lavagem de dinheiro”.
Ou seja, o que quer que Mauro Cid tenha feito para produzir esse entra e sai da sua conta – se são milhões dele ou não – está sob o olhar atento dos órgãos de controle. E, agora, da CPMI dos atos golpistas, que voltará a funcionar em agosto.