Não existe verdade absoluta no cenário político.
Até mesmo as velhas máximas que sempre funcionaram podem deixar de fazer efeito diante da grande quantidade de variáveis que envolvem a decisão de um eleitor.
Desde 1992, quando o marqueteiro James Carville disse a frase “é a economia, estúpido” durante a campanha de Bill Clinton à presidência dos Estados Unidos, muito se fala sobre a importância das questões econômicas como tema central e decisivo nas eleições.
Agora, 30 anos depois, a rodada Genial/Quaest divulgada nesta quarta, 28, coloca em dúvida a importância da percepção econômica na decisão de voto dos eleitores brasileiros. Não é dúvida exatamente, mas mostra que toda regra tem exceção.
O levantamento reforça a tendência de que Lula pode vencer em primeiro turno e mostra a estagnação do presidente Jair Bolsonaro.
Ao analisar os recortes sobre a percepção econômica dos eleitores, fica claro que o brasileiro está mais otimista, mas que isso não se converteu em votos para o atual presidente do país. A máxima de que a economia “manda” nas eleições pode estar caindo por terra. Ao menos, em 2022.
Quando questionados sobre o que acham que aconteceu com a economia brasileira no último ano, 44% dos entrevistados pela Genial/Quaest afirmam que a economia piorou. Em setembro de 2021, esse índice era bem maior, de 68%. No mesmo período, subiu de 13% para 29% o número de eleitores que acham que a economia melhorou.
Esses números indicam que, olhando para o retrovisor, os brasileiros reconhecem um avanço econômico no país – ao menos, no último ano.
Seguindo a mesma tendência, a expectativa para os próximos 12 meses também está melhorando. De acordo com o levantamento, 68% dos eleitores acreditam que a economia vai melhorar no ano que vem.
Em setembro de 2021, esse índice era de 44%. Ao mesmo tempo, caiu de 32% para apenas 8% o número de pessoas que acham que a economia vai piorar nos próximos meses.
Nesse recorte sobre o futuro, também pode estar embutida a opinião de quem vai votar no ex-presidente Lula e está esperançoso em relação à economia do país em um eventual governo do petista.
Os dados da pesquisa deixam claro que não basta melhorar a economia, é preciso fazer isso de forma consistente. O presidente Jair Bolsonaro conseguiu, nos últimos meses, aprovar uma série de medidas econômicas que trouxeram certo alívio ao bolso do brasileiro.
No entanto, ao fazer isso apenas no último semestre do mandato, deixou no ar a intenção eleitoreira da estratégia.
Com a vitória de Lula cada vez mais próxima, fica evidente que o eleitor percebeu o objetivo de Bolsonaro: depois de fracassar na condução do país no auge da pandemia, em 2020 e 2021, – e não só nela – o presidente correu contra o tempo e entrou num vale-tudo pela reeleição.