A última rodada da pesquisa Ipespe, divulgada nesta semana, revela que a rejeição dos dois líderes da corrida presidencial de 2022 se manteve igual ou “engessada”, como bem definiu o cientista político Antônio Lavareda, nos últimos cinco meses.
Enquanto Lula viu o número de eleitores que “não votariam nele de jeito nenhum” se manter em 43% de fevereiro a julho, Jair Bolsonaro não foi muito diferente. Essa parcela de eleitores com aversão ao seu nome caiu 1 ponto apenas, de 59% a 58%, em 150 dias – sendo que a oscilação na margem de erro ocorreu no último mês.
Para o petista, a notícia boa é que a consolidação desses números o coloca em uma vantagem muito grande sobre seu principal oponente, como mostrou nesta terça, 26, a coluna. Para o atual presidente, a avaliação é de que, se existe uma tábua de salvação para sua campanha, ela está mesmo relacionada ao pacote de bondades aprovado no Congresso com o nome de PEC Kamikaze.
Sob o manto do “estado de emergencia”, Bolsonaro mudou a Constituição e quebrou um princípio eleitoral importantíssimo, aquele de que o governante não pode criar benefício em ano de eleição. Feito o estrago, que abre um precedente perigoso para 2026, a forma como o eleitor receberá o aumento do Auxílio Brasil é uma das possibilidades ainda abertas ao presidente – a 67 dias da eleição.
Para os outros candidatos, como Ciro Gomes e Simone Tebet, a situação também é a mesma. No mesmo período em que os líderes das pesquisas mantiveram praticamente idênticos os números de eleitores que os rejeitam, o pedetista e a emedebista viram esse grupo variar 2 pontos porcentuais para baixo. Ocorre que, no mesmo período, eles não conseguiram conquistar – de forma efetiva – votos para os projetos que defendem.