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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Os generais arregões de Bolsonaro

O pesadelo que os militares criaram não acaba

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 abr 2022, 10h52 - Publicado em 31 mar 2022, 14h32

Abrir o site do Ministério da Defesa hoje é ver, de forma clara, o absurdo que o atual governo defende. Um pesadelo que já se repetiu diversas vezes desde que essa gestão começou e que deve continuar até que Bolsonaro seja retirado do poder.

Com o título de “Ordem do dia alusiva ao dia 31 de março”, um texto abominável estampa a página principal do site celebrando o golpe de 64. Uma mentira atrás da outra é contada como verdade e assinada pelo general da reserva Braga Netto, mais um ministro-militar que abaixa a cabeça para o presidente e faz um papel de submissão cega, e pelos comandantes das forças (o que  é ainda mais grave). Os militares queriam puxar o saco de Bolsonaro no ano eleitoral.

São uns arregões. Esses militares não respeitam a nossa História – não devemos respeitá-los. 

Já no primeiro parágrafo, o texto diz que “o Movimento de 31 de março de 1964 é um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época”.

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A frase não poderia ser mais mentirosa. Não houve movimento. Houve golpe.

Um golpe que durou mais de 20 anos, que foi marcado por violência, por injustiças, por quebra de direitos e por mortes cruéis não explicadas. Um golpe que feriu a nação e manchou a história do Brasil. O atual governo passa um blindado na história e tenta maquiar o que de fato aconteceu.

O texto afirma que “as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”.

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Outra mentira.

Restabelecer a ordem não foi, nem de longe, o objetivo do golpe. Tomar o poder era o verdadeiro objetivo.

A violência começou na extrema direita, que atacou e matou primeiro.

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Os jovens que tentaram se levantar contra o autoritarismo dos militares fizeram movimentos de forma pacífica. A minoria que, tempos depois, escolheu a luta armada, o fez porque não tinha opção: eles estavam sendo oprimidos, calados, presos e torturados pela ditadura. Tentaram reagir.

O texto termina dizendo que “cabe-nos reconhecer o papel desempenhado por civis e por militares, que nos deixaram um legado de paz, de liberdade e de democracia, valores estes inegociáveis, cuja preservação demanda de todos os brasileiros o eterno compromisso com a lei, com a estabilidade institucional e com a vontade popular”.

Mas antes passa pela mais mentirosa das mentiras:

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“Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional”.

É um absurdo que hoje o país viva novamente sob um governo que exalta a ditadura e mente sobre o que realmente aconteceu em 1964.

Não houve legado de paz. Houve legado de violência.

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Celebrar esse dia 31 de março é ignorar os fatos que demonstram que os militares ultrapassaram todos os limites e acabaram com a democracia.

Mesmo assim, essa mentira de que foi um movimento “salvador da pátria” continua sendo contada nos quartéis, aos jovens militares, já que essa nota será lida em todos eles no dia de hoje.

Bolsonaro e seus subordinados deveriam ter vergonha de insistir nessa história. O Brasil e os brasileiros sabem que houve ditadura.

Negar isso é desrespeitar a história do nosso país e perpetuar um pensamento mentiroso, despido de caráter.

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