Patinando nas pesquisas presidenciais, para dizer o mínimo, João Doria deu um duplo twist carpado político, fez que foi e… não foi embora, mas caiu de pé, seguindo como candidato tucano ao planalto, e agora único representante raiz da chamada terceira via na corrida de 2022.
É que no mesmo dia em que ameaçou deixar a candidatura à presidência pelo PSDB, por conta do mau comportamento de Eduardo Leite, que não respeita a derrota nas prévias, testemunhou – não por acaso – Sérgio Moro abandonar o Podemos e o projeto presidencial no dia se sua pior derrota para Bolsonaro.
Como Ciro Gomes nunca foi uma candidatura mais ao centro, e está à esquerda do espectro político, e Gilberto Kassab perdeu todas neste ano, inclusive a busca por convencer Leite a sair do PSDB para PSD, Doria acabou sozinho no campo de centro.
Sim, é muito difícil que ele consiga estourar a bolha Bolsonaro X Lula, mas agora está sozinho para fazê-lo. Se existe alguma chance, ela foi criada hoje.
Vejam a nota de Moro divulgada minutos antes em que Doria confirmou a saída do governo de São Paulo para seguir com o sonho de seu plano presencial:
“O Brasil precisa de uma alternativa que livre o país dos extremos, da instabilidade e da radicalização. Por isso, aceitei o convite do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, para me filiar ao partido e, assim, facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única”.
Neste momento, Doria é esta “candidatura presidencial única” do “centro democrático”.
Por isso, o agora ex-governador de São Paulo fez a seguinte afirmação: “Vamos construir a melhor via para os brasileiros. Vamos vencer o populismo, a maldade, a adversidade e a corrupção”. O pai da vacina no Brasil ainda fez questão de criticar Lula e Bolsonaro e dizer que eles angariam votos pela rejeição, um contra o outro, e não pela aprovação.
Com a movimentação desta quinta-feira, 31 – e por isso o duplo twist carpado na política -, Doria conseguiu a atenção do país, manteve sua promessa com os aliados como Rodrigo Garcia, que agora governará São Paulo, e tirou a sombra não só de Leite no ninho tucano, mas também de Moro, que liderava esse segmento centrista.
Toda essa jogada nos bastidores teve a atuação forte não só dele, mas de um político brasileiro que comanda o União Brasil, e que será tema de coluna nesta sexta-feira, 1º. Doria venceu. Ao menos hoje.
Que possamos aguardar as cenas do próximo capítulo.