Órgão da Saúde muda versão sobre pesquisa contra Covid em Manaus
Em denúncia à PGR, comissão alegava que mortes poderiam ter sido causadas por remédio, mas, em novo documento, atesta a segurança da substância
O relatório final da CPI da Covid pode acabar incorporando uma grande contradição da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), entidade responsável por autorizar pesquisas científicas no Brasil ligado ao Ministério da Saúde. Protocolado na última sexta-feira na secretaria da CPI, um ofício da própria Conep contradiz denúncia que ela mesma fez à Procuradoria-Geral da República no início de setembro.
No documento, o coordenador da Conep, Jorge Alves de Almeida Venâncio, afirma que o estudo científico feito em pacientes hospitalizados em Manaus no início do ano com a substância proxalutamida foi interrompido por descumprimento de normas do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e não por suspeita de toxicidade da substância.
“Considerando-se o perfil de segurança da proxalutamida observado em outros ensaios clínicos previamente realizados (incluindo fora do país), não há razão para a interrupção de todos os outros estudos no Brasil por questões de segurança”, destaca trecho do documento. Atualmente, há no país 26 pesquisas aprovadas pela Conep com a administração da proxalutamida.
No entanto, na denúncia à PGR, a Conep afirmou ser “inverossímil descartar a possibilidade de morte provocada por toxicidade medicamentosa ou por procedimentos da pesquisa”. Tal denúncia fez a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) pedir uma “investigação profunda” sobre 200 mortes de voluntários da pesquisa clínica com a proxalutamida feita no Amazonas. O caso consta em um dos capítulos do relatório que será votado na próxima terça-feira, 27.
Procurado pela coluna, o Ministério da Saúde não se manifestou.