O verdadeiro recado para Lula e Bolsonaro das manifestações de domingo
Protestos de domingo mostram que paixões mais fortes ainda não se acenderam
As manifestações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula neste domingo, 1º, mostraram que, embora estejamos prestes a viver a eleição mais polarizada das últimas décadas, o processo ainda não gerou paixões fortes no povo brasileiro.
Tanto do lado de Bolsonaro como do lado de Lula, o público foi abaixo do esperado.
Nas manifestações apoiando o atual presidente, não faltaram cartazes com pautas antidemocráticas, uma continuação do que Bolsonaro vem fazendo publicamente há anos.
Em contrapartida, durante discurso em São Paulo, o presidente abaixou o tom e evitou ataques diretos ao STF.
Bolsonaro é o famoso “sanfona”, vai e volta o tempo todo, desgasta e volta atrás, mas ao longo do tempo está esgarçando as relações institucionais e a democracia.
Ainda não sabemos qual é o interesse por trás desse recuo, mas ele existe e com certeza tem a ver com a possibilidade de reeleição.
O público de Bolsonaro é conhecido: a direita antidemocrática o apoia fielmente e a direita que se diz democrática está, na verdade, sendo oportunista, já que o presidente já deu provas claras de que não gosta da democracia.
Do outro lado, Lula discursou diante de sindicalistas, que já são seus eleitores cativos e já conhecem toda a trajetória do ex-presidente. Pregou para convertidos.
Nenhuma novidade, nada surpreendente. O mesmo Lula de sempre.
Unindo a baixa adesão aos eventos de ontem com a pesquisa do Instituto Paraná, a equipe de Lula deve estar de cabelo em pé.
Tanto Lula como Bolsonaro têm visibilidade muito grande e poderiam ter tido respostas melhores nas manifestações.
Apesar do aparente fracasso, ainda há muito chão a percorrer até o dia das eleições e, até lá, as paixões podem ser reacendidas de forma intensa para qualquer um dos (ou para os dois) lados.
É o que deve acontecer.