De xadrezista-mor da política brasileira ao fiasco nas eleições de 2022, Gilberto Kassab continua a dar voltas no tabuleiro para se manter com algum poder. A partir de 2023, será base de apoio de Lula no governo federal e do bolsonarista Tarcísio de Freitas, em São Paulo.
Em certos aspectos, está com um pé em cada canoa – assim como Arthur Lira, o candidato à reeleição para a presidência da Câmara que terá o apoio do PT de Lula ao PL de Bolsonaro.
Mesmo não conseguindo emplacar um nome à presidência da República em 2022 – Kassab lançou Rodrigo Pacheco com pompas de estadista do tamanho de Jk mas viu a candidatura naufragar em meses – o político, que foi ministro da Dilma, resolveu explicar à sua maneira porque o PT apoiou um cacique do centrão ligado ao Bolsonaro à chefia do parlamento.
“É preciso ter inteligência emocional na vida pública. Também discordo que Lula virou refém do Centrão. Ele está em busca de uma tranquilidade que o PT não teve no governo de Dilma Rousseff. A derrota na eleição da Câmara para Eduardo Cunha em 2015 custou muito caro. Não faria sentido o PT gastar energia contra Lira”, afirmou Kassab em entrevista ao Globo.
De fato, Lula tem muitas frentes de batalha ao mesmo tempo. Se abrisse um conflito de cara com o chefe do centrão agora, tornaria sua própria vida ainda mais difícil. Também não adiantava lutar contra o inevitável – após Lira ter conseguido não só apoio do bolsonarismo mas também de partidos de esquerda como o PV, o PCdoB e até o PDT.
Para Kassab, e a entrevista deixa isso claro, o importante não dar sorte ao azar, evitar qualquer chance de impeachment e conquistar a tão sonhada governabilidade.
”Com os partidos que estiveram na sua coligação, mais outras siglas como PSD e MDB, já conseguirá sair com aproximadamente 250 deputados ao seu lado. Além disso, com a ascendência que Lira tem no mundo do Centrão e o compromisso de governabilidade que está estabelecendo com Lula, alcançará 300 parlamentares nas votações que vão ocorrer”, explicou o presidente do PSD.