Após uma sequência de derrotas – inclusive no Brasil -, o movimento extremista de direita começa a se reorganizar no mundo. O primeiro passo acontece com a vitória acachapante de Javier Milei, na Argentina.
Era previsível esse resultado, apesar de colocar o vizinho sul-americano em um caminho incerto.
Assim como em 2018 com Jair Bolsonaro, a vitória de Milei é um salto no escuro de um povo que sofre há décadas com problemas econômicos e sociais.
Não se sabe como serão os próximos quatro anos na política, mas é previsível que Milei siga a cartilha da extrema-direita, tentando desestabilizar os outros poderes da República. Ele tinha até ensaiado antes, acusando uma suposta fraude no sistema, que teria sido feita pela Gendarmeria, a polícia argentina.
Há um agravante no caso argentino.
Analistas políticos veem as instituições constitucionais argentinas menos fortalecidas que as brasileiras, mesmo que a ditadura naquele país tenha acabado dois anos antes da nossa.
O peronismo, que sai derrotado, havia vencido quatro das últimas cinco eleições – com a exceção da direita moderada liderada por Maurício Macri, 2015. Assim que sua pupila Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno deste ano, apoiou Milei, a eleição Argentina estava resolvida.
No dia 23 de outubro, escrevi na coluna um texto com o título “por que Milei não saiu derrotado da eleição argentina”, mesmo com ele indo para o segundo turno bem atrás de Sérgio Massa. No último parágrafo, afirmava: “apertem os cintos, leitores – a Argentina hoje é um país com uma eleição em aberto. Aliás, totalmente em aberto”.
A virada aconteceu e esse resultado encoraja a extrema-direita ao redor do mundo.
A esperança do grupo que saiu dos porões da ditadura Argentina, assim como no Brasil bolsonarista a favor da tortura, é a de que Donald Trump recupere a presidência nos Estados Unidos, em 2024.
Depois – bem, depois… eles tentarão recuperar o Brasil com algum discípulo de Jair Bolsonaro.
PS – A vice-presidente eleita, Victoria Villarruel, de apenas 48 anos, é de uma família de militares argentinos e defende a ditadura sanguinária que matou mais de 30 mil civis. E, mais recentemente, disse que “só uma tirania” resolve o problema da Argentina.