O novo disparo de Bolsonaro em Barroso, Alexandre de Moraes e Fachin
Presidente volta a mostrar todo o seu radicalismo às vésperas da eleição
A incapacidade de conquistar mais votos e melhorar seu desempenho nas pesquisas a 5 dias do primeiro turno das eleições está mexendo com o presidente Jair Bolsonaro.
Depois de sinalizar que adotaria uma postura mais moderada, como fez na sabatina do Jornal Nacional em relação ao ministro Alexandre de Moraes, o presidente parece ter mudado de ideia e voltou ao radicalismo e aos ataques a autoridades e instituições.
A coluna já tinha adiantado, no início de setembro, que o núcleo radical da campanha de Bolsonaro estaria se movimentando para incentivar o presidente a voltar com sua postura agressiva, à medida que a moderação não estava se revertendo em votos.
Nesta segunda, 26, em sabatina ao Jornal da Record, Bolsonaro voltou a dizer mentiras sobre as urnas eletrônicas, disse que é vítima de perseguição política e atacou novamente os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso.
Questionado sobre o porquê de não conseguir comprovar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que não está fazendo uso da máquina pública em sua campanha, Bolsonaro disse que é alvo de perseguição política.
“Estou proibido de fazer live dentro da minha casa oficial, tenho que ir para a casa de alguém. Perseguição política. […] TSE fica o tempo todo aceitando qualquer ação de partidos, em especial do PT, para tentar atrapalhar a minha campanha”, afirmou o presidente.
Bolsonaro também citou a decisão da ministra Cármen Lúcia de proibir outdoors que fazem campanha para o presidente em Brasília e aproveitou para atacar novamente o PT.
“Nós resgatamos o patriotismo no Brasil. A esquerda, o PT e seu afiliados, sempre pisaram na bandeira, tocaram fogo na bandeira, rasgavam a bandeira, não queriam saber da bandeira nacional. A bandeira deles é uma bandeira vermelha e eu resgatei isso. Hoje em dia, o TSE de forma parcial me persegue dessa forma”, disse.
Durante a sabatina, o presidente perdeu novamente a chance de se comprometer a respeitar o resultado das eleições e lançou novas inverdades no ar. Questionado se aceitará o resultado das urnas, limitou-se a dizer que “com eleições limpas, sem problema nenhum”.
Além disso, voltou a atacar os ministros que, segundo ele, soltaram Lula. Para Bolsonaro, a soltura do petista seria um esquema orquestrado para que o ex-presidente disputasse a eleição.
“Os mesmos juízes que tiraram o Lula da cadeia e o tornaram elegível são exatamente os mesmos que conduzem o processo eleitoral brasileiro e que tudo dificultam para que comissão de transparência eleitoral consiga participar para evitar a possibilidade de questionamentos ao término das eleições”, afirmou o presidente.
No mundo imaginário de Bolsonaro, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin seriam os responsáveis por tirar Lula da cadeia e por permitir que o petista disputasse as eleições. Essa ideia não procede.
A soltura de Lula foi resultado do julgamento feito pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. A anulação dos processos envolvendo o ex-presidente só aconteceu depois, quando Lula já estava solto.
Mesmo sem citar nominalmente os ministros neste primeiro momento, o ataque foi claro. Depois, em live, o presidente afirmou sobre Alexandre de Moraes, o nome mais importante do judiciário: “você ultrapassou todos os limites, Alexandre de Moraes, todos os limites. Tu estás pensando o que da vida? Que você pode tudo? E tudo bem? Você um dia vai dar uma canetada e me prender? É isso que passa pela tua cabeça?”.
De forma lamentável, muitas pessoas têm normalizado os absurdos ditos por Bolsonaro. A atitude é gravíssima, principalmente para um presidente da República, que deveria respeitar as instituições, a democracia e as autoridades democraticamente instituídas.
Faltando poucas horas para o primeiro turno, Bolsonaro volta a mostrar sua pior face e deixa claro que não melhorou em nada ao longo de seu mandato. A experiência como presidente não diminuiu os delírios nem o radicalismo de um líder que tende a repetir os mesmos erros que já cometeu durante quase quatro anos.