
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral no dia 22 de fevereiro e já deu todos os recados sobre como será seu posicionamento… antes mesmo de tomar posse no cargo.
Geralmente discreto em relação a entrevistas, Fachin foi contundente em duas entrevistas concedidas em uma única semana.
Como a coluna mostrou, o ministro fez um alerta bombástico sobre possíveis ataques de hackers à Justiça Eleitoral em entrevista publicada na quarta, 16, e chegou a citar a Rússia como um dos países que poderia se envolver com essas invasões.
A mensagem já poderia ser interpretada como um recado indireto para o presidente Jair Bolsonaro, que estava na Rússia no momento em que a entrevista de Fachin foi divulgada.
Nesta sexta, 18, o ministro voltou a ser contundente em entrevista à Folha de S.Paulo e, dessa vez, apontou o dedo direto para Bolsonaro.
Fachin começou a entrevista de forma educada, reforçou que está com a mão estendida e com uma postura de diálogo nesse momento, mas destacou que vai defender a Justiça Eleitoral.
Numa das frases mais fortes, Fachin cita posturas que se encaixam tanto a Bolsonaro como a seus seguidores.
“Quem defende intervenção militar, fechar um poder ou um tribunal como o Supremo Tribunal Federal, quem discute inexistente fraude em urna eletrônica não está discutindo urna, está discutindo a ruína da democracia”, disse o ministro.
A postura de Fachin é radical e faz sentido. É preciso deixar claro que a democracia está acima de tudo. O ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do TSE, também fez essas defesas durante sua gestão. Alexandre de Moraes, que assume a presidência no lugar de Fachin em agosto, também é contundente na defesa da democracia.
O TSE passará por uma espécie de “triunvirato” neste ano, com três presidente diferentes. Começou com Barroso, passa para Fachin e termina com Moraes. Independente de quem esteja sentado na cadeira, é fundamental demonstrar essa unidade de pensamento. Como bem disse Fachin, “nós não vamos tolerar os intolerantes”.