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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O cachorro mais feliz do mundo é brasileiro e mora na Bahia

Conheça o Muleke. Vale muito a pena!

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 jan 2022, 12h42 - Publicado em 9 jan 2022, 13h56

Essa não é uma história de amor. Mas eu queria muito, muito mesmo, que fosse.

É uma história de uma noite, de um rolê inesquecível, como dizem os paulistas, daquela “night expecial”, como dizem os cariocas, de paixão intensa, mas que não dura mais do que momentos de êxtase. Muleke, o cachorro mais feliz do mundo, é assim.

Enquanto eu realmente acreditava que era amor, ele vivia apenas uma noite conosco.

Após mais de um ano de isolamento forçado pela minha condição de fragilidade pulmonar (e após ser vacinado por comorbidades), decidi fazer uma viagem para o lugar que sempre sonhei conhecer, mas nunca consegui antes do “apocalipse”: Caraíva, na Bahia.

Naquela época, parecia que tudo voltaria ao normal e que a pandemia poderia caminhar para o fim. Contudo, escrevo, agora, sob a sombra da Ômicron, até para lembrar que viagens assim voltarão a ser possíveis.

Mas, enfim, vamos resumir assim, se é que em um texto a gente pode repetir o que pensa: era a viagem que eu sempre quis fazer. Estava acompanhado de uma ex-namorada, e só digo isso agora porque, primeiro, ela estava ao meu lado durante todo o tempo e, segundo, porque os alvos principais do Muleke, o cachorro mais feliz do mundo, são, em sua maioria, casais.

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O AVENTUREIRO

Fato é que, não era só a viagem que sonhei fazer após um isolamento rigoroso, mas, sim, o desejo de mudar o curso de uma vida, como ensinou Carlos Drummond de Andrade em um poema que, se você não sabe qual é, não sou eu que vou contar.

O nosso primeiro encontro – meu e dela com o Muleke – aconteceu em uma noite perfeita em agosto passado. Talvez não seja a opinião dela. Perdi contato. Estava num paraíso na Terra, e curtindo tudo o que não curti na pandemia.

Muleke, acredito eu, é atraído pela felicidade. E em razão da felicidade que vivíamos, encostou em nós e começou a nos seguir quando voltávamos de uma “baladinha” para o hotel. Das coisas mais lindas que eu já testemunhei. Ele veio e não largou mais. Não teve jeito. Deu liga. Dormiu a noite inteira conosco, no nosso chalé.

Caraíva é maravilhosa, mas para os “petlovers” pode ser ainda mais especial. O vilarejo baiano, protegido pelo rio de mesmo nome, é um grande santuário de cães, gatos, mulas e outros animais.

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Mumu: O aventureiro
Mumu: O aventureiro (Aimée Maia/Reprodução)

Não há carros em Caraíva. Há, sim, alegria e muito o que fazer, como o forró do Pelé, aberto na década de 1970, e o moderno Beco da Lua, que ainda será tema de uma outra reportagem aqui na coluna: o renascer da vida pós-vacina.

Mas isso eu conto em outro momento. Quero mesmo é contar do Muleke, ou Mumu, o apelido carinhoso do cachorro mais feliz do mundo e que sabe amar de volta.

Mumu foi adotado por Aimée Maia. Um amor à primeira vista, ela conta. À época da adoção, há cerca de dois anos e meio, Mumu se chamava Lupo. Para Aimée, o nome não combinava com ele. Ela, então, passou a chamá-lo de Muleke. Agora, anos depois, fica claro que não poderia haver nome melhor.

O SUMIÇO

Aimée conta que, desde o início, Mumu gostava de passear. Um dia, de repente, ele sumiu. Aquela seria a primeira de suas muitas “escapadas”. Aimée ficou desesperada e passou a disparar mensagens em grupos de WhatsApp pedindo ajuda. Era preciso encontrar o Mumu.

Várias pessoas saíram atrás do cachorro. Horas depois, surgiu uma pista. Muleke havia atravessado o rio nadando e ido parar em uma confraternização, o churrasco do time de futebol de Nova Caraíva, a vila vizinha. Pode uma coisa dessas?

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Muleke nos barcos
Muleke nos barcos por aí (Aimée Maia/Reprodução)

Como eu disse no início, Mumu é atraído pela felicidade. Ama festas, faz companhia para moradores, turistas e gosta de liberdade. Ah, a liberdade…

Para Aimée, foi difícil entender a liberdade do Muleke, mas ela não teve opção. Esta história de amor também é sobre isso: sobre respeitar a forma como o outro vê a vida, sobre como o outro se adapta às circunstâncias e, mesmo sem entender, sobre decidir amar. Eu tento. Tentei. Muleke também tenta. Do jeito dele e diariamente.

Depois desse churrasco, vieram outras e outras festas. De repente, Aimée recebia mensagens de pessoas dizendo “passei o dia com o Mumu”, “encontrei com o Muleke”… Era assim que ela sabia onde estava seu cachorro.

Para ajudar a ter Muleke em seu “radar”, saber por onde ele anda, Aimée criou um Instagram para ele. Numa plaquinha pendurada no pescoço do cachorro, colocou a arroba do perfil (@mulekecaraíva) e seu número de telefone. Assim, quem estiver com Mumu pode registrar o momento e marcá-lo no Insta. Uma ideia genial. Um cachorro blogueiro. Mumu é realmente diferenciado.

A FAMÍLIA

Ao acessar o perfil do Instagram de Mumu, é possível vê-lo com dezenas de pessoas. A alegria é visível. Muleke marca a vida de muita gente. Na noite que passou comigo, e com essa pessoa, liguei para Aimée perguntando se ela queria que o levássemos para casa. Aimée riu e disse: “Ele é assim, Matheus. Pode deixar que ele acha o caminho de casa”.

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Família do Muleke: os mais lindos
O Muleke em casa: família linda (Aimée Maia/Reprodução)

Mumu – ah, que saudade que estou de você, amigo – nos acompanhou até o barco no dia seguinte. Foi como se quisesse se despedir e dizer: Caraíva estará sempre te esperando. E foi assim que ele marcou a minha vida.

Mumu aparece em fotos como gandula oficial de jogos de frescobol, marinheiro-auxiliar em embarcações com destino a festas, em longas caminhadas até praias distantes e desertas, nadador corajoso em direção à aventuras, segurador de vela de casais apaixonados. Sério, eu desejo muito que todas as pessoas possam conhecer o Muleke.

Eu e Mumu
Eu e Mumu: atualização (risos) (Matheus Leitão/Reprodução)

Aquele rolê inesquecível que tivemos com ele não se repetirá, definitivamente não se repetirá, mas ainda bem que aconteceu. Especialmente pela participação deste cachorro que conquistou meu coração.

Muleke é como aquela companhia que faz juras de eterno amor e, dois dias depois, termina e desaparece. Em setembro, ao voltar a Caraíva, descobri que ele continuava na farra. Foi de barco com Victor e Carlos, dois amigos que fiz na cidade baiana mais aconchegante que já conheci, para uma festa do outro lado do rio. Acabamos encontrando o Muleke na segunda vez também, para a alegria de corações.

Victor e Carlos
Victor e Carlos com Mumu (Aimée Maia/Reprodução)

Talvez você tenha percebido que esta não é uma história de amor, lamentavelmente. Ou é. Confesso que ando confuso, caro leitor. Muleke ensina o que algumas pessoas esqueceram: que essa vida é também sobre fazer o outro feliz. Não é somente sobre buscar ser feliz pois – mais cedo ou mais tarde – a gente quebra a cara.

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Em um momento de desalento, o poeta russo Vladimir Maiakovski escreveu no início do século passado: “Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz”. O poeta só não sabia que, na verdade, um cachorro brasileiro é o ser mais feliz do mundo. Viva o Mumu e sua sabedoria!

Mumu por aí
Mumu por Vladimir Maiakovski (Aimée Maia/Reprodução)
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