Nova pesquisa mostra o grande erro de Bolsonaro
Para um político que venceu as últimas oito eleições, seja para o parlamento, seja para o Executivo, a estratégia do presidente não faz sentido
O presidente Jair Bolsonaro não governa para o Brasil, mas apenas para o seu nicho. A frase não tem nenhuma novidade, mas é salutar para entender o atual governo.
O presidente já deu inúmeras demonstrações disso.
Em 2019, no primeiro ano de seu mandato, disse o seguinte sobre Flávio Dino, do PCdoB, seu desafeto: “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão; tem que ter nada com esse cara”.
Em 2021, dois anos depois, entrou num embate com o governador da Bahia, Rui Costa, do PT, também seu desafeto em meio a uma crise dramática por conta das chuvas no estado.
“Também tivemos uma catástrofe no ano passado, quando muitos governadores, pessoal da Bahia fechou todo o comércio e obrigou o povo a ficar em casa. O povo, em grande parte, informais condenados a morrer de fome dentro de casa”, disse o presidente.
Mas ninguém do governo federal ofereceu ajuda ao petista, que é o natural da política – durante o mandato, você convive e dialoga com opositores.
Ou seja, o sobrevoo de Bolsonaro no helicóptero na Bahia foi só ato de campanha mesmo.
Ocorre que o presidente que mais faz campanha no exercício do mandato tem perdido popularidade porque erra nas apostas políticas que faz.
Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que “dois em cada três brasileiros (66%) têm medo de conviver diariamente com pessoas que não tomaram nenhuma das doses da vacina contra a Covid-19”.
Bolsonaro é antivax, como sabemos.
O mesmo levantamento mostra que, para 65% dos entrevistados, “os estabelecimentos comerciais e outros lugares devem exigir o comprovante de vacinação como condição para os clientes entrarem nos mesmos”.
Bolsonaro é contra o passaporte de vacinas, como também sabemos.
O pior é que o presidente não pretende parar. Como informou a coluna, ele vai manter a postura errática. E já prepara um novo capítulo da postura beligerante contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por conta do tema.
Aliás, esse movimento antivacina foi um dos tiros no pé de Bolsonaro. Se tivesse apostado na vacina antes, o comércio que ele tanto queria aberto teria recuperado a economia mais rápido.
Para um político que venceu as últimas oito eleições, seja para o parlamento, seja para o Executivo, a estratégia de Bolsonaro não faz sentido. Parece até um kamikaze que busca o fim de sua trajetória pública.
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