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No Dia do Índio, não há o que comemorar

Governo Bolsonaro erra na condução da Funai, negligencia pandemia e afeta negativamente os povos indígenas

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 abr 2021, 20h51
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  • Os indígenas brasileiros não têm nada a comemorar no governo Jair Bolsonaro. Pelo contrário. Hoje, no Dia do Índio, é o momento ideal para denunciar os vários erros na condução da política indigenista no país. O assunto da proteção dos povos indígenas está intimamente ligado ao tema ambiental, por isso os equívocos do governo Bolsonaro terão cada vez mais visibilidade.

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    Aqui nesta coluna, eu tenho alertado para os muitos riscos a que são expostas as etnias dos povos originários do Brasil. Desde a defesa do governo à presença de missionários em áreas de índios isolados até o descaso com as contaminações pelo coronavírus que atingem os indígenas e têm matado lideranças importantes. A sensação é de que esses povos estão jogados à própria sorte na atual gestão.

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    Na Fundação Nacional do Índio (Funai), por exemplo, é nítida a insatisfação dos servidores com as escolhas para a gestão e direção do órgão. Em outubro do ano passado, a coluna mostrou o caos instalado durante a gestão de Marcelo Xavier. À frente da presidência da Funai, Xavier constantemente ignora pedidos contra exonerações, desmonta equipes experientes e aumenta as críticas internas.

    Em outro caso emblemático dentro da Funai, o missionário Ricardo Lopes Dias foi exonerado da chefia da Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados após uma verdadeira batalha judicial. O contato que Ricardo teve no passado com a Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB) gerava desconforto nas equipes do órgão, que temiam que a defesa da presença de missionários entre os índios isolados atrapalhasse a cultura indígena e afetasse a política de zero contato adotada ultimamente pela Funai.

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    Essa defesa de missões religiosas entre os índios também causa indignação em indigenistas e em membros da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Mesmo após a saída de Ricardo Lopes Dias, ainda há um esforço para que os índios isolados tenham contato com missionários. A vulnerabilidade socioepidemiológica desses povos é uma das principais questões que revolta especialistas em relação às missões.

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    As falhas na gestão da Funai motivaram, inclusive, o Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso a apresentar ação para tentar proteger terras indígenas do estado que ainda estão em processo de regularização.

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    Além dos erros internos na Funai, a forma como o governo despreza o cuidado com os indígenas em meio à pandemia do coronavírus também chama atenção. Embora tenha sido obrigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a criar um gabinete de crise para tratar a questão da pandemia entre os povos originários, o governo pouco avançou. Enviou ao STF um Plano de Barreiras Sanitárias fraco e não considerou a realidade das comunidades indígenas.

    Neste ano, a coluna mostrou ainda que, além do medo da contaminação, os índios lidam com as fake news sobre a vacina contra a Covid-19. Na Aldeia Maçaranduba, situada na Terra Índígena Caru, em Bom Jardim, Maranhão, foi preciso realizar uma reunião com os índios para esclarecer a comunidade sobre a importância de se imunizar. 

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    O cuidado com os povos indígenas deve ter especial atenção de qualquer governo, principalmente quando se enfrenta a maior pandemia dos últimos tempos, tornando-os ainda mais vulneráveis. No entanto, no Dia do Índio, não há o que comemorar. Ainda assistimos, atônitos, a um governo que ignora as necessidades dessa comunidade e insiste em manter uma postura já criticada por especialistas e que pode trazer prejuízos que demorarão anos para serem recuperados.

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