Não foi por acaso que Bolsonaro voltou a atacar Alexandre de Moraes
Entenda o interesse político do presidente
O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer absurdos nesta quinta, 26, como tem sido comum nos últimos dias e, por que não dizer, sua vida política inteira. Em declarações à imprensa, o presidente afirmou que o ministro Alexandre de Moraes é parcial.
“Totalmente parcial. Não tenho dúvida disso. Os próprios atos dele bem demonstram. Você não vê um ataque meu”, disse Bolsonaro.
Sim. Você não leu errado, leitor.
O presidente teve coragem de dizer que não faz ataques aos outros poderes, embora tudo o que ele fez ultimamente seja atacar Moraes, o Supremo Tribunal Federal (STF), as eleições e instituições importantíssimas do país.
Como a coluna mostrou, o presidente está decidido em tirar a credibilidade do ministro que, em outubro, vai anunciar o resultado das eleições presidenciais. Se ganhar, vai fingir que nada aconteceu. Se perder, vai usar a narrativa da perseguição que já está sendo construída. Isso não é um fato contado pelos seus próprios interlocutores mais próximos.
Em outra fala absurda dita nesta quinta, Bolsonaro sugere que Alexandre de Moraes quer uma ruptura ao comentar a demora no andamento do inquérito das fake news.
“Quando a gente pensa que vai resolver, complica a situação. O que quer o senhor Alexandre de Moraes? Ele quer o confronto? Uma ruptura? Por que ele ataca tanto a democracia?”, questionou.
Mais uma vez, Bolsonaro acusa aqueles que ele mesmo elegeu como adversários de fazerem exatamente o que ele faz. O presidente tem criado crises institucionais, atacado autoridades e desprezado os valores democráticos do país que lidera.
O que o presidente quer ao arrumar tanta confusão é desviar o foco do que realmente importa. Bolsonaro dita a pauta que os brasileiros devem seguir e tenta colocar em destaque esses atritos enquanto a inflação sobe, a educação vive uma crise sem precedentes e a economia vai de mal a pior.
Ele ataca Moraes deliberadamente porque o magistrado presidirá o TSE durante o processo eleitoral. Age preventivamente. Acha que assim, escalando o conflito contra Alexandre de Moraes, vai constrangê-lo e alimentar o ódio da militância contra a pessoa que vai não só comandar o processo eleitoral, mas dar o resultado das eleições.