Mendonça defendeu o Estado laico de uma maneira inusitada
Candidato ao STF, escolhido por ser “terrivelmente evangélico”, usou um princípio esquecido do protestantismo
O ministro Andre Mendonça foi indicado por ser terrivelmente evangélico. O presidente Jair Bolsonaro disse que ele se comprometeu a sempre orar antes das sessões, mas Mendonça disse logo na sua apresentação inicial que não fará isso. Alertou que não cabem manifestações religiosas no Supremo Tribunal Federal.
Mendonça se comprometeu com a democracia em primeiro lugar, e com o Estado laico em segundo. Explicou que a Igreja Presbiteriana do Brasil nasceu da reforma protestante, que tem como um dos primados a separação entre a Igreja e o Estado. Ele não apenas se comprometeu, mas entregou esses compromissos para ficar nos anais do Senado.
Uma das dúvidas sobre ele era exatamente essa. O país não pode ser uma teocracia, como disse a senadora Eliziane Gama, a relatora. O país terá que aguardar a atuação na corte por 27 anos para saber se ele seguirá a laicidade defendida hoje, mas esquecida por Jair Bolsonaro tantas vezes.
Sobre a questão espinhosa do desarmamento, que tanto interessa a Jair Bolsonaro. André Mendonça saiu pela tangente – alegando que pode vir a julgar esse caso no Supremo e, portanto, seria considerado impedido. Já mostra certa desfaçatez para apoiar os interesses do clã presidencial.