Lava Jato aproxima PT de Bolsonaro
Ao menos no Senado, o presidente de extrema-direita e o partido mais importante da esquerda brasileira têm o mesmo candidato e ideias em comum
A operação Lava Jato, iniciada em 2014, gerou amor e ódio, dividiu o Brasil entre prós e contras, e conseguiu agora uma nova proeza: unir o PT ao presidente Jair Bolsonaro. Pelo menos no Senado.
Desde que o presidente se afastou do discurso de combate à corrupção, tentou esvaziar Sergio Moro até fazê-lo pedir demissão e se aproximou do Centrão, caracterizado por se enrolar com a Justiça, o PT já sinalizou que aprova (ao menos) esse ponto da trajetória de Bolsonaro.
Além do interesse político de manter algumas comissões no Senado, o PT resolveu apoiar o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato de Bolsonaro à presidência da Casa, porque outros não terão o mesmo compromisso anti-Lava Jato.
O PT não quis apoiar, por exemplo, um dos nomes do MDB, a maior bancada do Senado. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) é próxima do grupo Muda Senado, justamente a favor da Lava Jato.
Durante a eleição, Bolsonaro surfou na onda da operação para conseguir ser eleito presidente. Era previsível, contudo, que se afastaria quando não fosse mais do seu interesse. O presidente é um bicho político oportunista nato.
É como o comensalismo, relação oportunista que ocorre entre indivíduos de espécies diferentes na natureza. Os tubarões e as rêmoras, que usam o peixe grande para sobreviver, são conhecidos por isso, por exemplo.
Na política também é assim. O PT não faz diferente de Bolsonaro para se manter ativo no Senado, mesmo que, para isso, tenha que se juntar a aquilo que diz mais combater: Rodrigo Pacheco é contra a Lava Jato e a Simone Tebet a favor. O PT vai sempre apoiar quem é contra a operação, ainda que o Bolsonaro se beneficie disso.