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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Evangélicos começam a se articular para ter um vice na chapa de 2022

Sinais de Bolsonaro fizeram a bancada se movimentar atrás de um nome para compor com o presidente. O problema é a pulverização do grupo religioso

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 ago 2020, 10h23 - Publicado em 15 ago 2020, 08h50

Os evangélicos já começam a se movimentar e a fazer articulações para saber quem ocuparia a vaga de vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, certos de que o general Hamilton Mourão não estará na cédula. O grande problema no meio gospel, contudo, é a pulverização em inúmeras denominações, o que torna mais difícil encontrar um nome que represente o todo.

O presidente não esconde que já está focado nas eleições de 2022. E como informou a coluna, tem admitido a interlocutores que pode escolher um vice evangélico. Foi esse sinal do chefe do Executivo que despertou no segmento a precoce movimentação à procura de nomes.

No último pleito, em 2018, foi o que quase aconteceu na chapa de Bolsonaro, na qual o ex-senador evangélico Magno Malta chegou a ser o favorito para ocupar o posto, mas recusou o convite alegando que preferia buscar a reeleição para o Senado – Malta acabou derrotado.

A vaga agora pode acabar sendo ocupada pela pupila do ex-senador e atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Mas se engana quem acha que ela não sofrerá resistência do próprio grupo evangélico como postulante ao cargo.

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Nesta quinta-feira, 13, Bolsonaro fez um afago em Damares na sua já tradicional live. “A Damares é a ministra ali com o ministério mais complicado. Ela trata de um montão de problema. Eu não aceitaria ser ministro [da pasta] dela por nada, dado os problemas. Só uma pessoa como ela para resolver aquele assunto. Não existe melhor pessoa que a Damares naquele ministério”.

A aliança de Bolsonaro com evangélicos se mostra cada vez mais forte e a escolha de um vice que os represente em 2022 pode ser mesmo necessária para agradar esse grupo – hoje uma das principais bases de seu governo.

Pesquisa do Datafolha de abril deste ano confirmou, por exemplo, que os 31% da população que se declaram dessa corrente religiosa têm tendência pró-Bolsonaro e, inclusive, são os que mais aprovam a atuação do presidente (47% deles avaliaram como ótimo e bom) no enfrentamento à pandemia.

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O que se comenta nos bastidores é que, caso Bolsonaro decida mesmo por um vice evangélico, descartando Mourão, o difícil será ele achar um nome que agrade a maioria do segmento. A problemática deve-se às múltiplas lideranças e inúmeras denominações evangélicas existentes no país.

“Não há uma liderança única, igual a Igreja Católica, que o Papa fala e todo mundo tem que ir ler na cartilha. Aqui não é assim. Aqui você tem o segmento pentecostal, que é dividido internamente entre a maior denominação, que é a Assembleia de Deus, com vários líderes. Você tem os neopentecostais, com a Universal, a Igreja da Graça, a Igreja Mundial. São muitas. Tem o segmento mais tradicional, como batistas, presbiterianos, são igrejas mais históricas, mas que não têm muitos membros. É muita diversidade pra juntar todos e falar assim: esse nome aqui agrada 80%, 90% do grupo”, explicou um membro da bancada evangélica à coluna.

Essa falta de acordo entre os evangélicos chegou a ser motivo de queixa de Bolsonaro para alguns líderes dessa corrente religiosa. Eles contam que já ouviram o presidente dizer que eles precisam se unir e impor um nome. Mas, segundo esses interlocutores do segmento, vice é um cargo de confiança e quem vai escolher é o presidente – e quando decidir por um nome evangélico, com certeza, irá desagradar outras denominações.

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Lista de candidatos 

Ainda que seja cedo para definições, o grupo não perde tempo. A lista de ministros pastores (neste momento são três) e líderes do segmento em torno de Bolsonaro só aumenta, o que faz crescer a concorrência pela disputa da vaga.

Mesmo a ministra Damares, que está na dianteira da lista, enfrenta resistências. Até hoje não é claro para diversas lideranças evangélicas como ocorreu o distanciamento entre Magno Malta e Bolsonaro e, ao mesmo tempo, uma grande aproximação do chefe do Executivo com a atual ministra, que era funcionária do ex-senador na época.

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No meio gospel, Magno Malta sempre foi respeitado. Ao aceitar o convite para ser ministra de Bolsonaro sem tentar incluir ou refazer a aproximação de Malta com o presidente, Damares deu um tiro no pé. O movimento foi entendido por alguns líderes evangélicos como uma espécie de traição. Um parlamentar da bancada evangélica relata que acompanhou o dia da posse de Damares e afirma que o grupo não considerou correta a forma como tudo aconteceu.

Segundo ele, Damares estava no início de uma reunião da CPI da Pedofilia, que era liderada por Malta, assessorando o ex-senador, e desapareceu da sessão para ser nomeada como ministra. Esses líderes acham que ela deveria ter dito ao presidente que aceitava o convite, mas que queria Magno Malta ao lado dela.

O que ocorreu foi o contrário. Em vez de promover a relação dos dois políticos, dizem que a ex-assessora parlamentar e atual ministra teria contaminado a parceria entre Malta e Bolsonaro. A situação teria levado membros da liderança evangélica a avaliarem Damares como antiética. Daí a resistência ao seu nome para compor a chapa como vice em 2022.

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Outros nomes que já aparecem no rol de apostas de vice são os do deputado Marco Feliciano e o do ministro da Justiça, André Mendonça. O primeiro tem a trajetória de bom preletor no meio gospel, mas conta com uma igreja muito pequena e não é considerado um pastor de fato.

O segundo aparecia como um forte candidato. Mas entrou em rota de colisão ao patrocinar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, com o currículo mais fraco do que outros pastores, na opinião da bancada gospel. Agora, foi engolido pelo escândalo da produção de dossiês contra opositores do governo, o que desgastou sua imagem.

Por tudo isso, a escolha de um nome evangélico para a vaga de vice de Bolsonaro em 2022 pode se transformar em um dilema. E, a depender de quem venha a ser a opção, gerar mais resistências do que o apoio das lideranças do segmento ao presidente nas próximas eleições.

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