Enquanto cai nas pesquisas, Bolsonaro grita na rua
As instituições não aprenderam a lidar com o presidente. O país terá que responder se quer viver mais quatro anos com constantes ameaças à democracia

Nesta quinta-feira, 8, mais uma pesquisa mostrou o que esta coluna vem adiantando há semanas: a rejeição ao governo Bolsonaro é crescente, em ritmo galopante. Desde outubro, o grupo dos que consideram o governo ruim ou péssimo passou de 31% para 52% — o maior número desde o início do governo, como informou o Radar.
Pois bem. Não por acaso, nesta quinta, 8, o presidente deu mais um dos seus ataques antidemocráticos, mantendo a estratégia de subir um pouco mais um tom. “Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, disse Bolsonaro a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.
É o que o Jair Bolsonaro faz: estica a corda. Agora ameaçou cancelar as eleições, soltando mais fake news contra a lisura do processo eleitoral brasileiro, e as urnas eletrônicas – exatamente o mesmo sistema que o elegeu deputado inúmeras vezes e o fez presidente da República em 2018. Bolsonaro chegou ao cúmulo de dizer que Aécio Neves foi eleito em 2014 e não Dilma Rousseff.
Ou seja, denunciou fraude, mas, como sempre, sem provas. Enquanto isso, as instituições não aprenderam e não aprenderão a lidar com os gritos de Bolsonaro nas ruas do Brasil. Serão as ruas do país que terão que responder nas urnas se querem ou não viver mais quatro anos com constantes ameaças à democracia.
Em relação ao pleito do ano que vem, está claro que o presidente não vai se comportar – aliás, é o que vem fazendo desde 2018. Se for derrotado, tentará de toda forma melar o jogo – isso, com as Forças Armadas cada vez mais subservientes a um governo e não ao estado, como manda a Constituição.
Preparem os ouvidos, compatriotas brasileiros, a pesquisa divulgada nesta quinta, 8, mostra que Bolsonaro tem 26% das intenções de voto, contra 38% de Lula. A tirar pelos últimos atos do presidente, os gritos pavorosos contra a democracia só tendem a piorar.