O presidente Jair Bolsonaro conseguiu a proeza de fazer mais uma trapalhada em relação à terrível guerra que o russo Vladimir Putin iniciou contra a Ucrânia.
Bolsonaro afirmou neste domingo, 27, que o Brasil, como país, seguirá neutro em relação às ações da Russia, que colocaram o planeta em alerta.
Ocorre que a diplomacia profissional brasileira já teve que sair do muro e condenar, no mais importante órgão multilateral do mundo, o conselho de segurança da ONU, a invasão russa.
Isso não é ficar neutro, como diz Bolsonaro. O Brasil já tomou posição, e não por decisão de seu presidente.
Na verdade, a tradição da diplomacia brasileira empurrou o país para um comportamento coerente com aquilo que sempre pregou – isso, no que tange à política externa: o de defesa do direito internacional.
Se fosse só isso – o fato de Bolsonaro não acompanhar os atos do Itamaraty sobre o caso – já seria vergonhoso. Mas Bolsonaro, claro, fez mais besteira.
Deu a entender, também neste domingo, 27, que tinha conversado ontem por duas horas com Putin, o homem que ameaçou o mundo com um risco nuclear.
Foi tão mal organizada a fala do presidente, que o governo teve que soltar uma nota para explicá-la e dizer que Bolsonaro não conversou ontem com Putin, mas sim que se referia à conversa que teve quando fez a viagem à Rússia.
Bolsonaro ainda deu a entender que a guerra pode estar perto do fim, quando na verdade estamos vivendo o auge da tensão. A Rússia está sendo atingida por sanções econômicas, enquanto Putin ameaça com armas nucleares.
O presidente brasileiro ainda viu a embaixadora da Ucrânia na ONU dizer que não há espaço para neutralidade neste momento.
São quatro erros em uma fala só. E apesar de alegar neutralidade deu a entender que está ao lado de Vladimir Putin, que vai se tornando um pária internacional. Enfim, Bolsonaro saiu para passear de Jet Ski neste feriado, e deu essa entrevista sem pé nem cabeça. Totalmente atrapalhada.