Em um dia que será marcado para sempre pela leitura da Carta aos Brasileiros em Defesa da Democracia, unindo diversos setores da sociedade civil em repúdio aos atuais “retrocessos autoritários”, Jair Bolsonaro ainda conseguiu fustigar sua imagem de outra forma. O mandatário da extrema direita estampou os jornais com a pior foto que será usada entre os candidatos à Presidência nas urnas eletrônicas, aquela em que ele diz “não confiar”.
Explico: é que o Tribunal Superior Eleitoral divulgou nesta semana as imagens que todos os eleitores verão ao votar em seus candidatos, digitando números como 13, 22, 15 e 12. Entre os quatro líderes das pesquisas – Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet – o presidente aparece com o pior retrato.
Não é implicância, caro leitor. Você mesmo pode chegar à conclusão ao comparar as fotos:
As imagens mostram o petista, o pedetista e a emedebista simpáticos, e o atual mandatário carrancudo. Lula, Ciro e Tebet sorrindo, mas Bolsonaro com a cara fechada. Talvez seja a forma amarga e truculenta como ele leva a vida, que apenas transpareceu na hora de registrar a foto para a candidatura.
Mas não é, segundo a sua equipe de campanha.
Diante da clara constatação, a explicação interna é a de que o mandatário não quis usar “tanto photoshop” e queria se apresentar como “um brasileiro comum”, que vai tirar uma carteira de identidade.
Não que a foto da urna fará tanta diferença assim nas eleições, mas a imagem enviada para o TSE e a urna eletrônica – obviamente, pelo QG bolsonarista – poderia ter sido mais bem escolhida.
Usada para garantir resultados eleitorais seguros e legítimos há décadas no Brasil, a urna eletrônica, que tem sido tão atacada pelo presidente, acabou gerando a reação mais uníssona da sociedade civil contra os arroubos autoritários proferidos por ele nos últimos anos. A máquina parecerá até dizer, como resposta, ao estampar essa foto no dia 2 de outubro: “Que feio, Bolsonaro!”.