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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Bolsonaro e a alucinada guerra ideológica com a vacina

Após minimizar os efeitos do coronavírus, ter sido um empecilho ao isolamento social e previsto menos de 800 mortes... o presidente politiza o imunizante

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 nov 2020, 12h15 - Publicado em 21 out 2020, 13h15
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  • Após minimizar os efeitos do coronavírus, ter sido um empecilho ao isolamento social e previsto menos de 800 mortes em um país que já perdeu mais de 150 mil vidas, o presidente Jair Bolsonaro quer levar sua alucinada guerra ideológica para a escolha da vacina contra a Covid-19. O que está em jogo é o futuro de famílias, da economia e do Brasil, fustigado pela mais violenta pandemia do último século. Também estão em risco a sanidade das pessoas e a volta à normalidade com segurança. Mas ele parece não se importar com essa pandemia, só com o “comunismo” – o eterno inimigo invisível.

    Numa atitude intempestiva nesta quarta-feira, 21, o presidente escreveu em uma rede social que não vai adquirir a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. “A vacina chinesa de João Doria. Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovado cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem”.

    Qualquer vacina ou medicamento só pode ser comercializado no Brasil após certificação pela Anvisa. É a lei. Bolsonaro finge não saber para espalhar mais uma desinformação que causa danos à saúde e ao interesse público. É lamentável ver o chefe da nação caçoar da vida milhões de brasileiros, especialmente em tempos extremos como os que estamos vivendo. Era o início do pandemia quando Bolsonaro, acossado pelo temor de a economia quebrar, pediu que governadores não politizassem o coronavírus. Esse é o mesmo presidente que chama a vacina produzida pela China, e que tem tido avanços, de “João Doria”, seu maior desafeto hoje na política.

    As declarações ainda podem aumentar a tensão diplomática com o nosso maior parceiro comercial, que constantemente é ofendido pelo governo e integrantes da própria família Bolsonaro. Elas acontecem um dia após o Ministério da Saúde, e o próprio chefe da pasta – um general e não um médico – anunciar que tinha a intenção de adquirir 46 milhões de doses da Coronovac. O medicamento é testado no Brasil em parceria com o Instituto Butantan. 

    O presidente não parou no embate com desafetos políticos. Em outra rede social, respondendo apoiadores, Bolsonaro sentenciou que a vacina “não será comprada”, mas aproveitou para fustigar aliados: “qualquer coisa publicada, sem comprovação, vira traição”. O recado era para o general Eduardo Pazuello, o mesmo que seguiu as ideias do chefe no que diz respeito à cloroquina, por exemplo. Cegamente, diga-se de passagem. 

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    O novo capítulo Bolsonaro x Coronavírus, no qual o presidente tem perdido de goleada, tem mais uma vez chance de atrapalhar o Brasil e os brasileiros e intensificar os efeitos da pandemia. É a triste sina do Brasil em 2020. Bolsonaro despreza a ciência, não está interessado no bem estar coletivo, só pensa em si mesmo (e no seu clã) e politiza qualquer tema que seja levantado por seus adversários potenciais em 2022. Ou por aqueles que lhe fazem oposição.

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