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A Semana de Arte Moderna no Brasil e a liderança das mulheres

Ensaísta Davi Lago faz entrevista exclusiva com uma das organizadores do evento, que completa cem anos

Por Davi Lago
7 fev 2022, 08h32

A abertura das comemorações pelo centenário da Semana de Arte Moderna ocorre nesta segunda-feira, 7, no Theatro Municipal de São Paulo. No mesmo local, em fevereiro de 1922, artistas como a pintora Anita Malfatti, os escritores Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia, a pianista Guiomar Novaes e o compositor Heitor Villa-Lobos realizaram o evento que se tornou um símbolo do modernismo no Brasil e um marco na discussão sobre a identidade brasileira. Para falar sobre as exposições que marcam o início das celebrações convidamos uma de suas organizadoras, a promotora Celeste Leite.

Davi Lago – O centenário da Semana de Arte Moderna ocorre no mesmo ano do bicentenário da Independência do Brasil, de eleições gerais, da realização de um Censo nacional adiado em função da pandemia. Como ocorreu a organização destas celebrações neste contexto?

Celeste Leite – A Semana de 1922 ocorreu no ano de comemorações do centenário da Independência do Brasil. O Brasil em busca de consolidação enquanto uma nação. Dentro desta discussão sobre brasilidade, existe a busca de uma identidade. O que nos identifica como povo brasileiro? O que nos une como povo brasileiro? Cem anos depois esta busca continua. Esta comemoração é fruto de uma construção coletiva. São treze artistas plásticas e pintoras que já realizaram, sob a curadoria de Vera Simões, um mural no Conjunto Nacional na Avenida Paulista e em algumas estações de metrô em São Paulo. São exposições abertas ao público, sem nenhuma barreira, para todas paulistanas e paulistanos, brasileiras e brasileiros sem distinção. A Semana de 1922 foi um evento paulistano que rapidamente se espalhou para outras partes do Brasil. A Vera me procurou para realizarmos no Theatro Municipal um evento de abertura oficial da exposição que já está acontecendo. As secretarias de cultura da cidade e do estado de São Paulo, ao lado do Metrô, do Ministério Público, da Associação Paulista do Ministério Público e organizações da sociedade civil como o Instituto Não Aceito Corrupção e a plataforma Interesse Nacional. É um movimento coletivo, são várias pessoas pensando juntas o que foi a Semana de Arte Moderna e como ela pode nos ajudar a pensar o Brasil hoje. A compreensão de nossa identidade é dinâmica, é uma busca permanente. Esta exposição é um convite que se estende a todo Brasil.

Assim como muitas mulheres desempenharam papeis de destaque no modernismo brasileiro, as celebrações desta semana são lideradas por mulheres. Quem são as artistas envolvidas?

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Sim, artistas como Anita Malfatti, Zina Aita e Guiomar Novaes foram figuras-centrais na Semana de 22. Embora Tarsila do Amaral não tenha participado da abertura da Semana de Arte Moderna no Theatro Municipal, por estar em Paris naqueles dias, ela se juntou ao movimento modernista e construiu um dos seus principais símbolos, o Abaporu. Nas exposições de celebração contamos com treze artistas, dos quais doze são mulheres, que revisitam obras modernistas: Antonietta Tordino, Dóris Geraldi, Fernanda Fernandes, Gaby Alves, Leila Lagonegro, Malu Mesquita, Máximo Hernández, Patricia Lopes, Rose Rossetti, Silvana Lacreta Ravena, Vera Pimenta, Zetti Neuhaus, Zina Kossoy. A curadoria enfatizou múltiplas linguagens de expressão artística. Como disse a Gabriela Araújo, uma das organizadoras da exposição: “somos mulheres diversas”.

Então a celebração de centenário é uma atividade cultural no sentido amplo?

Sim. As exposições vão até o final de fevereiro nos metrôs de São Paulo. A ideia é que este evento abra um grande panorama de discussões no Brasil, seja pelo manifesto comemorativo ou pelo aspecto crítico e questionador de poemas que serão apresentados no evento de abertura. A cultura pertence a todos. As pessoas precisam se apropriar da cultura e se manifestar culturalmente conforme suas sensibilidades. Não se pode impor uma determinada linguagem, um determinado senso estético. Este foi o erro de Monteiro Lobato ao criticar as telas de Anita Malfatti na exposição que ocorreu na Rua Libero Badaró no centro de São Paulo em 1917, acusando-a de possuir uma arte anormal. O que seria normal ou anormal? A arte, independentemente de sua origem, tem sua linguagem própria. A arte pode ser um convite para a abertura, a acolhida e o respeito. Em 1922 havia uma busca para que fosse incorporado, seja na linguagem poética, na linguagem escultórica, na pintura, uma linguagem que incorporasse o cotidiano que eles estavam vivenciando. Naquele tempo havia a questão da industrialização, a questão da maior velocidade. Hoje, em pleno século 21, esta necessidade foi potencializada mil vezes. As informações e o ritmo frenético das metrópoles aceleraram tanto que se deixa de ter um tempo para reflexão.

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