A nova cartada de Lula para acalmar o mercado
Tom moderado do ex-presidente acalmou a semana
O ex-presidente Lula já percebeu que seu impacto no mercado financeiro durante a campanha deste ano será bem diferente do impacto que teve em 2002, quando disputou e venceu as eleições presidenciais pela primeira vez.
Há 20 anos, o Brasil estava sob o comando de Fernando Henrique Cardoso em um governo considerado moderado e de centro. A possibilidade de uma vitória do PT fez o mercado reagir mal. Naquele tempo, Lula era tido como o extremo. E o que mais assustava era a ameaça feita no Congresso do PT, no ano anterior, em que se falava em não pagamento da dívida interna.
O temor era tão grande que motivou Lula a escrever uma carta aos brasileiros para acalmar os ânimos. Na carta, o petista falou em “esforço conjugado de exportar mais” e destacou a importância de tornar o Brasil “mais competitivo no mercado internacional”, expressões que agradam o mercado financeiro. Ele prometeu manter as bases do Plano Real.
Apesar dos esforços, o mercado só se acalmou mesmo após a primeira coletiva do candidato a ministro da Fazenda do novo governo, Antonio Palocci, que passou a falar a língua do Pedro Malan. Isso, ainda durante a transição.
Agora, 20 anos depois, Lula novamente tenta acalmar o mercado, mas de uma outra posição: dessa vez, o petista é a imagem de moderação enquanto enfrentamos um governo de extremos.
O presidente Jair Bolsonaro representa a extrema direita e suas atitudes radicais têm incomodado os investidores. Em 2018, o mercado se inclinou claramente para Bolsonaro, mas a radicalização do seu discurso mudou o clima entre investidores. Prova disso foi o tiro no pé dado por ele nas manifestações de 7 de setembro que fizeram o dólar disparar.
Ao dizer que busca uma aliança mais ampla e que pretende se aproximar do centro e, quem sabe, do centro-direita, Lula conseguiu acalmar o mercado. Após as declarações, o dólar caiu e a bolsa de valores subiu.
Um intervalo de 20 anos separa o Lula extremista do Lula moderado. O ex-presidente tem usado todo o seu conhecimento político para trazer o mercado financeiro para o seu lado porque sabe que essa vantagem o colocará ainda mais perto de um novo mandato na presidência da República.