A inacreditável mudança de Hamilton Mourão
Vice-presidente viveu grandes transformações desde 2018
O vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão, está vivendo grandes mudanças este ano.
Primeiro, saiu do PRTB e se filiou ao Republicanos. Depois, anunciou que será candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul nas eleições de outubro.
Uma escolha inusitada, mas esperada, já que suas incompatibilidades com o presidente Jair Bolsonaro inviabilizaram sua chance de tentar a reeleição ao lado do atual presidente. Publicamente, Mourão fingiu não estar chateado. Na verdade, ele não teve opção.
Num dos últimos embates entre os dois, Mourão se encontrou fora da agenda com Luís Roberto Barroso, um dos principais desafetos de Bolsonaro. O encontro afastou de vez os dois.
Apesar disso, Mourão fez questão de colar a sua imagem à de Bolsonaro para a sua campanha deste ano. O general tenta usar a imagem do presidente para conquistar votos conservadores no Rio Grande do Sul.
Ao registrar sua candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esta semana, mais uma mudança: Mourão se autodeclarou branco. Em 2018, quando ainda era candidato a vice-presidente, declarou que era indígena.
Era muito oportuno se declarar indígena naquele ano e ser branco agora. Na campanha, Bolsonaro havia feito várias declarações racistas. O próprio Mourão havia ofendido indígenas e negros ao dizer que o brasileiro herdou “a indolência do índio e a malandragem do negro”.
Para fugir das críticas, ele se declarou indígena. Isso ajudava o próprio Bolsonaro que, com um vice-presidente se auto declarando indígena, tentava amenizar as críticas apesar de tudo o que falava – e fez depois – contra os povos indígenas
Agora, Mourão tenta ser senador na região Sul, uma das mais brancas do país, o que explica a alteração.
E as mudanças não param por aí. Mourão também abriu mão do título de General e agora se apresenta como um civil comum, sem patente. Apenas Mourão.
Em 2018, era oportuno ser o General por trás do Capitão. Surfando numa onda anticomunismo, antipetismo e dessa militarização da direita, foi conveniente usar o título de General Mourão. Agora, não é mais. Tirar o título militar traz proximidade com o povo.
Na declaração de bens feita este ano, mais uma mudança: Mourão deixou de ser classe média e passou a ser “milionário”. Em 2018, tinha bens no valor de cerca de R$ 400 mil. Agora, declarou um patrimônio de R$ 1,1 milhão.
Um salto relevante e que em nada se parece com a realidade da maior parte dos brasileiros, já que vivemos a maior pandemia dos últimos tempos nesse período.
De vice-presidente a candidato ao Senado. De General a civil sem patente. De classe média a mais abastado. De indígena a branco. Mourão é um camaleão. É, também, um político oportunista, como a maioria.
Resta saber se toda essa mudança vai colar e se os eleitores do Rio Grande do Sul vão acreditar nessa nova versão do vice-presidente do país.