A decisão enigmática de Bolsonaro durante o debate da Globo
Ou... por que o atual presidente não quis encarar Lula frente a frente
O debate promovido pela Rede Globo nesta quinta, 29, teve de tudo. Como a coluna mostrou, o encontro mostrou várias faces dos candidatos e certamente decepcionou muitos brasileiros que tiveram que assistir Ciro Gomes (PDT) e Padre Kelmon (PTB) atuando em favor de Jair Bolsonaro.
O presidente, inclusive, tomou uma decisão enigmática e estratégica durante o confronto. No penúltimo bloco do debate, Bolsonaro foi o primeiro a escolher para quem faria uma pergunta e teve nas mãos a chance de questionar e enfrentar Lula, seu principal adversário. Em vez disso, o presidente fez uma pergunta para Felipe D’Avila, o candidato do Novo.
Imagine, caro eleitor, que você é o presidente da República tentando a reeleição, aparece perdendo em todas as pesquisas de intenção de votos e tem a chance de enfrentar publicamente seu principal adversário, que está próximo de vencer a disputa inclusive no primeiro turno. O que você faria?
Bolsonaro, simplesmente, amarelou.
Mas — ao tomar a decisão de perguntar para o candidato do Novo — deixou aberto o espaço para que Padre Kelmon fizesse um questionamento a Lula. E foi exatamente nessa oportunidade que o candidato do PTB conseguiu tirar o petista do sério — o único momento do debate em que o ex-presidente perdeu a cabeça.
A estratégia de Bolsonaro foi pensada. Ele queria incentivar o confronto entre o padre e Lula. Para a campanha do presidente, a estratégia funcionou. No entanto, ainda não se sabe se essa decisão vai se converter em votos.
O fato é que o presidente apostou alto nessa decisão. Os direitos de resposta que o colocaram em embate com Lula foram inesperados e deixaram um em pé e o outro sentado no estúdio, lembrem-se. Quando iniciou a rodada de perguntas, num momento que já era esperado por todos e eles poderiam se encarar, frente a frente, Bolsonaro fugiu do petista.
O presidente está num “tudo ou nada” para tentar levar a eleição para o segundo turno. Depois da divulgação dos dados do Datafolha, esperava-se que Bolsonaro tivesse mais coragem para enfrentar Lula no último debate antes do dia 2 de outubro. Não foi o que aconteceu.
Resta saber como os eleitores vão interpretar isso no próximo domingo.