‘Último dos radicais’, Malafaia entra na mira do Ministério da Justiça
Pastor evangélico ataca ministros do STF, incita generais a meterem o 'pé na porta' e diz que se for preso seus advogados não irão tentar tirá-lo da cadeia
Um dos mais radicais apoiadores de Jair Bolsonaro, o pastor evangélico Silas Malafaia está no radar do Ministério da Justiça. Nas últimas semanas, o líder da Assembleia de Deus fez vários ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelas redes sociais, a maioria tendo o ministro Alexandre de Moraes como principal alvo.
Ao contrário da grande maioria dos apoiadores do ex-presidente, que baixaram o tom dos ataques às instituições após as prisões em massa de bolsonaristas no 8 de Janeiro, Malafaia segue na sua ofensiva. Em um dos vídeos gravados em agosto, Malafaia xinga Moraes de “ditador de toga” e diz que falta ação de “meia dúzia de generais de quatro estrelas covardes e frouxos” por falharem em “botar o pé na porta” contra supostos abusos cometidos pelo Judiciário. O pastor estava se referindo, principalmente, às prisões determinadas pelo magistrado.
O conteúdo foi enviado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino,com outros nove vídeos que circulam pela internet, ao governo do Distrito Federal, que realiza nesta segunda-feira, 4, uma reunião do Gabinete de Mobilização Institucional, criado para monitorar e coibir ações violentas no feriado da Independência, em Brasília.
“Encaminhamos os vídeos que tratam de supostas manifestações articuladas previstas para ocorrer no dia 7 de setembro de 2023, para avaliação e providências preventivas que forem necessárias”, escreve Dino. No vídeo denunciado pelo ministro, no entanto, Malafaia não faz qualquer referência ao 7 de Setembro — perfis bolsonaristas, porém, estão usando a gravação em posts com convocações para mobilizações no feriado.
No último domingo, 3, o pastor afirmou que proibiu seu advogado de apresentar um pedido de habeas-corpus caso seja preso. “Me deixa lá, porque se Deus quiser usar isso pra derrubar esses caras, eu sei o preço que se paga”, disse.
Aliado bolsonarista de primeira hora, Malafaia participou de cerimônias do 7 de setembro ao lado de Bolsonaro em 2021 e 2022 e chegou a ser cogitado como seu vice para as eleições presidenciais do ano passado. Em seu canal no YouTube, o pastor faz defesa ferrenha do ex-presidente contra investigações judiciais, acusa Alexandre de Moraes de “destruir a democracia” e pede a renúncia de Luís Roberto Barroso, também do STF.
Malafaia também é um dos mais barulhentos críticos às prisões de envolvidos nos atentados de 8 de janeiro, a quem ele chama de “irmãos”, embora o Supremo já tenha firmado entendimento com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender os julgamentos contra mais de mil denunciados por atuação nas manifestações e firmar acordos de não persecução penal.