O gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para o dia 26 de setembro o interrogatório da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti Neto. Os dois são réus na Corte por causa de uma invasão, supostamente encomendada e financiada pela parlamentar, ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O caso tramita no plenário, mas Moraes é o relator. Três dias antes, em 23 de setembro, vão ser ouvidas as testemunhas de acusação e defesa. O interrogatório dos réus é a última etapa da fase de produção de provas — depois disso, o processo fica pronto para ser julgado.
A deputada e Delgatti foram denunciados em maio pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acompanhou a posição da Polícia Federal (PF) e acusou os dois dos crimes de invasão de dispostivo informático e falsidade ideológica, cujas penas máximas somam nove anos de prisão. No entanto, uma eventual condenação pode custar ainda mais caro para Zambelli. Na denúncia, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu que seja aplicada a ela um agravante, por ser funcionária pública na época dos crimes.
Quando Bolsonaro ainda estava na Presidência da República, Zambelli costurou um encontro dele com Delgatti, que mostraria ao ex-chefe do Executivo a suposta possibilidade de violar o sistema eleitoral brasileiro. O episódio foi revelado por VEJA em agosto de 2022. Depois, o hacker confessou o encontro. Desde o começo das investigações, ele relatou a existência de um esquema com Zambelli, afirmando que a deputada lhe prometeu um emprego e outras vantagens financeiras pela invasão aos sistemas do CNJ.
Desde o episódio em que, segurando uma arma, Zambelli perseguiu um jornalista negro pelas ruas dos Jardins (bairro da zona sul de São Paulo), às vésperas das eleições de 2022, a deputada foi escanteada por Bolsonaro. Nos bastidores, há a avaliação de que ela teria sido a responsável pela derrota do ex-presidente nas urnas. Zambelli tenta, desde então, recuperar o protagonismo e chegou a ir à manifestação do último 7 de Setembro, na Avenida Paulista, em um trio elétrico pequeno, separado do de Bolsonaro.