Risco de greve ameaça missão de Tereza Cristina no Canadá
Ministra da Agricultura está no país em busca de novas parcerias comerciais; ferroviários aprovaram paralisação para o dia 16 de março
No Canadá para buscar novos fornecedores de fertilizantes para o Brasil em razão do risco de escassez por causa do conflito entre Rússia e Ucrânia, a ministra Tereza Cristina (Agricultura) pode voltar para o país com uma má notícia. Mais de três mil ferroviários canadenses aprovaram o início de uma greve no próximo dia 16 de março.
A ameaça de paralisação acendeu o alerta dos produtores do insumo, já que uma greve pode colocar em risco o abastecimento de potássio e nitrogênio, matérias-primas dos fertilizantes. De acordo com o setor, 75% dos fertilizantes do país são transportados pelos trilhos
“O setor agrícola já está enfrentando desafios de abastecimento agravados pela guerra na Ucrânia e não pode suportar mais interrupções na cadeia de suprimentos sem consequências graves para os agricultores, a segurança alimentar no Canadá e em todo o mundo e a economia canadense”, afirma Karen Proud, presidente e CEO da Fertilizer Canada, que representa as fábricas de fertilizantes.
As negociações ainda estão em curso e acontecem com o auxílio do Serviço Federal de Mediação e Conciliação. Os empregados da Canadian Pacific Railway reivindicam melhorias nos salários, benefícios e pensões. A companhia administra linhas férreas de leste a oeste do país.
O Canadá é o terceiro maior fornecedor de fertilizantes do país, atrás apenas da China e Rússia — que lidera o ranking. Cerca de 80% do insumo utilizado pela agricultura do país vem do exterior.
“A viagem é para conversar com canadenses para ver se conseguimos uma quantidade maior do que eles já nos mandam, para suprir esses possíveis gargalos de fornecimento que a gente possa vir a ter, devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia”, afirmou Tereza Cristina, em nota divulgada pelo Ministério da Agricultura. Ela embarcou no sábado, 11, e fica no país até terça-feira, 15.
Reportagem de VEJA desta semana mostra como a ministra se movimenta para tentar aliviar o risco de desabastecimento de fertilizantes no Brasil — e impacto que isso teria no agronegócio brasileiro — enquanto se prepara para deixar o cargo, até o dia 2 de abril, para concorrer ao senado por Mato Grosso do Sul.
Além de buscar novos parceiros comerciais, o Ministério da Agricultura tem se concentrado em buscar soluções mais urgentes, como reforçar o monitoramento logístico para impedir que navios não desembarquem por questões burocráticas e incentivar o uso racional do insumo.