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PP é oposição a Lula e Lira não será ‘cordeirinho’, diz Ciro Nogueira

Presidente licenciado do partido, que tem divisão na bancada eleita entre deputados lulistas e bolsonaristas, ministro diz que parlamentares são 'livres'

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 nov 2022, 21h56 - Publicado em 29 nov 2022, 21h36

Ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro e presidente licenciado do PP, Ciro Nogueira afirma que o partido, um dos membros do Centrão e casa do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), é “oposição” ao governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Como mostra reportagem de VEJA desta semana, o PP está entre as siglas de centro cujas bancadas incluem deputados lulistas e bolsonaristas. Diante deste quadro, o ministro avalia que os parlamentares são “livres” para decisões “individuais”, desde que não vinculem a legenda.

“O PP é um partido de oposição. É lógico que cada deputado é livre, desde que não envolva o nome do partido. Se quiser tomar uma decisão individual, não tem o menor problema, não vou ficar aqui fiscalizando deputado, quem faz isso é a população que o elegeu. Agora, não envolva o nome do partido, que é de oposição”, disse o ministro a VEJA na noite desta terça-feira, 29.

Enquanto Nogueira se mantém licenciado da presidência do PP, o cargo é ocupado pelo deputado Cláudio Cajado (BA). O parlamentar baiano disse a VEJA na semana passada que há uma lógica regional na divisão dentro do partido. “Acredito que os deputados mais ligados ao Nordeste não terão dificuldade para apoiar o governo, mas os das regiões Sul e Sudeste poderão ter. Houve uma divisão ideológica muito clara no processo eleitoral entre os que apoiam Lula e Bolsonaro”, declarou Cajado. Dos 47 deputados eleitos pelo partido, 20 são de estados do Nordeste e os demais se distribuem pelas outras regiões: doze no Sudeste, sete no Sul, cinco do Norte e três no Centro-Oeste.

Sobre a possibilidade de reeleição de Lira, que consolidou um amplo arco de alianças em torno de sua recondução, do PT ao PL, Ciro Nogueira avalia que o aliado, caso tenha sucesso na eleição na Câmara, em fevereiro, manteria uma posição “independente” em relação ao novo governo e não seria, em suas palavras, um “cordeirinho”.

“Lira vai ser independente, não vai ser correligionário de Lula, mas vai ser uma pessoa de palavra, o presidente não vai ter surpresa com ele. O grande fator de preocupação é com pedidos de impeachment, mas não vejo nenhum tipo de sobressalto e surpresa de Lula com Arthur. Agora, não vai ser um cordeirinho que vai ‘tratorar’ para aprovar as coisas do governo. Vai ser independente, como todo presidente deve ser”, resume o ministro.

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Escalado para coordenar, pelo lado do atual governo, a transição entre as gestões Bolsonaro e Lula, Ciro Nogueira tem criticado o modo como a equipe do petista tem conduzido a formatação da PEC da Transição, que busca sobretudo garantir recursos para bancar o Bolsa Família fora do teto de gastos. O ministro bolsonarista classifica os termos em que o texto tem sido tratado como “absurdos”, a exemplo da exclusão do benefício do teto por quatro anos, e vê margem para aprovação apenas dos 600 reais do auxílio e ao aumento real do salário mínimo – agenda que ele diz ser comum a Bolsonaro e a Lula: “o resto não vai ser aprovado nada”.

“É uma PEC que espero que seja aprovada, mas não dessa forma absurda que o governo apresentou. Acho que nem o governo acredita que ela seja aprovada tão ampla como essa. Se ela viesse a ser aprovada, cassaria o mandato dos parlamentares que ainda nem assumiram”, afirma Nogueira. “É um disparate achar que o governo, com uma base de 120 deputados, poderia ter 308 votos em uma PEC tão ampla como essa, que depende de muito boa vontade da oposição para aprovar, se não, não aprova em 20 dias”, completa.

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