Os motivos do silêncio tucano diante dos ataques a Moro
Nenhum dirigente do PSDB embarcou no cerco promovido por apoiadores de Ciro e Lula ao ex-juiz
Uma conjunção de motivos faz o PSDB decidir não aderir à onda de ataques que bolsonaristas e petistas iniciaram contra Sergio Moro. O ex-juiz vem sendo cobrado a dizer quanto recebeu da consultoria Alvarez & Marsal, que tinha entre os clientes empresas que haviam sido alvo da operação. Ele é alvo de um procedimento no Tribunal de Contas da União (TCU) que apura se teria levado informações privilegiadas à consultoria.
Até agora, nenhuma liderança tucana entrou na onda de pressão sobre o ex-ministro. Moro é o terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto à Presidência e, ao lado de Ciro Gomes (PDT), o mais bem posicionado dos candidatos da chamada terceira via (que inclui Doria), que tentam se apresentar como alternativa à candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
O primeiro motivo está na proximidade do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com o ex-juiz e com Renata Abreu, presidente do Podemos. Doria ainda nutre esperanças de que Moro decida não concorrer, principalmente pelo fato de o Podemos não ter recursos financeiros suficientes para fazer uma campanha presidencial competitiva. Doria ainda tenta selar algum tipo de aliança com o ex-juiz enquanto acompanha a aproximação dele com o União Brasil — este sim um partido com dinheiro em caixa.
Em segundo lugar, a ordem na campanha tucana é mostrar o trabalho de Doria. A equipe decidiu que a citação a Moro nas suas redes sociais seria um desvio de rota. A exceção são críticas ao governo Bolsonaro, relacionadas a temas de gestão.
A equipe de Doria analisa que Moro cometeu um erro importante ao anunciar que divulgaria seu salário porque entrou na agenda imposta por petistas e bolsonaristas. Por outro lado, veem como um acerto o movimento bem-sucedido de busca por aliados como o MBL, grupo no qual o tucano também tinha intenção de buscar apoio.