O recado discreto de Bolsonaro para Alexandre de Moraes
Presidente participa de evento a poucas horas do prazo para ir depor na Polícia Federal

A poucas horas do prazo final para comparecer à Polícia Federal por ordem do ministro Alexandre de Moraes (14h), do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro voltou a citar que joga dentro da Constituição e que há “interferências no Executivo”, frases que usa com frequência para reclamar do Poder Judiciário.
“Enfrentamos também outras atribulações, como as interferências no Executivo, as mais variadas possíveis. Sempre, da nossa parte, jogando com aquilo que nós temos e com aquilo que juramos respeitar por ocasião da nossa posse: a Constituição”, disse em lançamento de programa do governo no Palácio do Planalto.
Moraes intimou o presidente a dar depoimento no inquérito que apura o vazamento de investigação sigilosa feito pelo presidente. Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro citou dados de apuração da PF sobre tentativas de invasão ao sistema eletrônico de votação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois, publicou em suas redes sociais um link com a íntegra do inquérito sigiloso.
A Advocacia-Geral da União (AGU) tentou impedir o depoimento, inclusive citando a Constituição e uma decisão do STF que proíbe a condução coercitiva para depoimentos, mas Moraes manteve a oitiva, alegando que havia dado prazo de 60 dias para o presidente marcar hora e local para ser ouvido e que ele não o fez. Disse, ainda, que Bolsonaro pode ficar calado, mas não pode deixar de comparecer ao depoimento, que é um trâmite processual necessário para o andamento da investigação.