O fogo cruzado contra Augusto Aras
Declaração do ministro Edson Fachin aumenta a pressão sobre o procurador-geral da República
O procurador-geral da República, Augusto Aras, não vive um bom momento. Pressionado por senadores em razão da sua postura na condução dos desdobramentos da CPI da Pandemia, ele levou outra estocada nesta terça-feira, dia 22, agora do ministro Edson Fachin, que assume nesta terça-feira a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em entrevista à GloboNews, Fachin afirmou que, no seu entendimento, o presidente Jair Bolsonaro vazou sim dados sigilosos de um inquérito da Polícia Federal sobre um ataque hacker aos sistemas do TSE. “Sim, quanto a isso não há dúvida”, respondeu ao ser indagado se o chefe do Executivo havia vazado informações em uma de suas lives para apoiadores. “Embora esses dados sejam relativamente públicos e divulgados, nós estamos falando de documentos que, ao menos em tese, deviam estar ou estavam sob sigilo.”
O entendimento do ministro vai na contramão do que entendeu Augusto Aras, que pediu o arquivamento das investigações. Fachin, entretanto, ponderou que a PGR “tem a prerrogativa de ofertar a denúncia ou eventualmente pedir o arquivamento do inquérito”.
O comentário de Fachin vem em meio à pressão de políticos para que Aras leve adiante investigações potencialmente negativas ao presidente da República. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) anunciou a coleta de assinaturas para abrir um processo de impeachment contra o procurador-geral da República caso ele não leve adiante as investigações de suspeitas levantadas na CPI da Pandemia.
Relator do CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) também engrossou o coro de insatisfeitos com a condução de processos envolvendo Bolsonaro na PGR. “O Brasil espera que instituições não prevariquem”, afirmou o parlamentar depois que Aras solicitou a intimação da cúpula da CPI para esclarecer a suposta divulgação de informações sigilosas.