Nunes diz que aliança de Marta com Boulos não ameaça a sua reeleição
Prefeito minimizou decisão e disse que ex-secretária municipal sempre soube da sua proximidade com Bolsonaro
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), minimizou a saída de Marta Suplicy de seu governo e disse que a provável candidatura dela a vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL-SP) à prefeitura “não representa risco” à sua tentativa de reeleição. “Ao menos por enquanto”, afirmou nesta quarta, 10, a jornalistas.
A ex-prefeita pediu demissão do cargo de secretária municipal de Relações Internacionais na noite desta terça, 9, após aceitar convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de voltar ao PT e ajudar na campanha do deputado, hoje o principal adversário de Nunes.
Elogiando o trabalho que a ex-prefeita desempenhou em sua gestão, o emedebista se referiu à demissão como “página virada”, mas ressaltou que Marta sempre soube da sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro — um dos argumentos que ela teria usado para justificar a sua demissão.
“Não foi o presidente Lula que contou para ela (Marta) que eu quero o apoio do presidente Bolsonaro. Isso não cola”, disse. De acordo com ele, a proximidade com o ex-presidente sempre foi colocada de forma transparente e, por isso, não explica a decisão da ex-secretária de deixar seu governo. Marta teria dito que não pode ficar ao lado de Nunes na campanha por causa do apoio de Bolsonaro, que está sendo negociado há meses entre o emedebista e lideranças do PL.
Questionado por jornalistas, o prefeito disse que traição “é uma palavra muito forte” para se referir à mudança de Marta. Ele ficou sabendo através da imprensa do encontro que ela teve com Lula no começo da semana e ficou bastante incomodado com o gesto. Foi nessa reunião com o presidente, que teve direito a foto oficial, que a ex-prefeita aceitou o convite para compor a chapa de Boulos e voltar aos quadros do PT.
Nunes se mostrou irritado com o movimento porque tinha Marta como uma das pessoas do seu círculo de confiança. “Era uma conselheira minha. Ela entrava na minha sala qualquer dia, qualquer hora”, disse o prefeito na coletiva desta quarta.
A ex-prefeita de São Paulo deixou o PT em 2015. A ruptura foi traumática a ponto de ela votar a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. Depois disso, Marta passou pelo Solidariedade e pelo MDB. Hoje, não está filiada a nenhum partido. Ela foi convidada para fazer parte da atual gestão da Prefeitura de São Paulo por Bruno Covas, de quem Nunes é vice. O titular da chapa faleceu em 2021 devido a um câncer.