Número de policiais candidatos sobe 27% durante governo Bolsonaro
Estados do Sudeste têm o maior número de agentes de segurança disputando a eleição deste ano, a maioria em partidos de centro-direita e direita
O número de policiais candidatos nas eleições deste ano subiu 27% em comparação com 2018, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública feito com dados preliminares do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Serão 1.866 candidatos vindos das forças de segurança pública, ante os 1.469 de quatro anos atrás. Do total, 188 candidatos se declararam policiais civis ou federais e 807 policiais militares — nesse último caso, houve um crescimento de 8,8% em relação a 2018. A maioria é para cargos no Legislativo. A chamada “bancada da bala” é uma das principais bases do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso.
De acordo com o levantamento, 94,2% das candidaturas de policiais e demais profissionais da área de segurança pública são por partidos de centro direita e de direita. O PL, partido de Bolsonaro, é a agremiação com maior número, 232 nomes. Esse fenômeno, segundo o Fórum, ganhou tração em 2018, quando o presidente foi eleito. Naquele ano, 89,9% desses profissionais concorreram a cargos públicos por agremiações de direita.
Os estados com o maior número absoluto de candidatos policiais em 2022 são Rio de Janeiro (251), São Paulo (238) e Minas Gerais (126), justamente os que têm os maiores efetivos de policiais militares e civis do país. Do total de candidaturas registradas na Justiça Eleitoral, os policiais representam 6,6%. No Amazonas e no Distrito Federal — coincidência ou não, estados governados por aliados de Bolsonaro —, a proporção é bem maior que a média nacional: 11,3% e 10,1%, respectivamente.
Segundo a análise do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a atuação dos policiais na política tem se deslocado cada vez mais para o enfraquecimento das travas legais impostas aos agentes durante seu trabalho, a exemplo da defesa que Bolsonaro faz da ampliação da excludente de ilicitude para todas as mortes decorrentes de intervenção policial. “As polícias estão, cada vez mais, buscando ganhar autonomia em relação aos controles civis que, na prática, já as controlavam apenas excepcionalmente nas últimas décadas, em uma arquitetura institucional que fortalece a figura do presidente da República. Isso é ainda mais sensível em momentos em que líderes populistas e autoritários, como Jair Bolsonaro, ocupam tal cargo”, diz o informativo que será lançado pelos pesquisadores.