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Por José Benedito da Silva
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MP-SP abre canal para receber denúncias contra médico acusado de assédio

A estratégia para analisar eventuais acusações contra Nabil Ghorayeb é a mesma que foi utilizada para processar os relatos de vítimas do médium João de Deus

Por Edoardo Ghirotto e Caíque Alencar
Atualizado em 2 jun 2021, 12h48 - Publicado em 26 Maio 2021, 17h40

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) disponibilizou na terça-feira, 25, um e-mail para receber novas acusações contra o cardiologista Nabil Ghorayeb, denunciado por três pacientes por ter cometido supostos crimes de assédio sexual. Todo o material recebido será processado e analisado pelo Núcleo de Gênero do Centro de Apoio Operacional Criminal (CAOCrim). O canal é o mesmo que foi utilizado para o atendimento de vítimas do médium João de Deus e do nutrólogo Abib Maldaun Neto.

O e-mail para contato com o MP-SP é o somosmuitas@mpsp.mp.br. Todas as vítimas que encaminharem denúncias ao endereço terão o anonimato garantido pelos procuradores. O CAOCrim esclarece que este e-mail está aberto para receber os testemunhos de eventuais vítimas de Ghorayeb e de qualquer outra pessoa que tenha cometido crimes de importunação sexual.

“É muito importante que as mulheres procurem o Ministério Público e denunciem pelo canal. Basta enviar um e-mail com os dados pessoais e um breve relato sobre o fato. O canal ‘Somos Muitas’ foi usado com sucesso para receber denúncias contra João de Deus e em outros casos de grande repercussão e que envolviam muitas vítimas. Todas as vítimas serão atendidas”, diz Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do MP-SP.

Um dos nomes mais conceituados na medicina esportiva do país, Ghorayeb foi afastado nesta terça-feira pelo Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, em função das denúncias de assédio sexual. O caso, revelado pelo jornal Metrópoles, é investigado por meio de um inquérito policial na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) como crime de importunação sexual.

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As denúncias

As três vítimas relataram os episódios em entrevistas a VEJA. Bárbara Leite diz ter sofrido assédio do médico em duas oportunidades em 2018. A primeira, segundo ela, ocorreu quando foi ao consultório de Ghorayeb acompanhar o atendimento do pai, que tratava um linfoma desde 2017. Ela estava acompanhada da mãe e, ao entrar na sala, o médico comentou sobre sua beleza. “Na hora não considerei assédio porque estava com os meus pais, mas era”, afirma.

Bárbara afirma que, na segunda vez, foi ao consultório buscar a receita de um remédio para o pai. Ela disse que, na ocasião, Ghorayeb a abraçou e a beijou. “Eu percebi que estava sendo assediada, mas não fiz nada porque pensei no estado de saúde do meu pai. Naquele momento, a vida dele era mais importante”, disse.

A segunda vítima, que pediu para ser identificada como Jane P., disse que foi assediada duas vezes em abril deste ano — uma quando estava acompanhada da filha e outra quando foi ao consultório para retirar um aparelho que media a frequência cardíaca. “Na primeira consulta, em vez de perguntar o que eu sentia, ele elogiou os meus seios”, disse. No retorno ao médico, a vítima relatou que Ghorayeb tentou beijá-la e que depois a convidou para jantar naquela noite.

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Uma terceira mulher, que se identifica como Adriana, afirmou que Ghorayeb teve uma atitude “completamente antiética” numa consulta realizada no dia 11 de janeiro deste ano. Segundo o relato, o médico elogiou a aparência de Adriana, apalpou o corpo da vítima e forçou a mulher a encostar no seu pênis. Ela registrou um boletim de ocorrência no dia 28 de janeiro na 2ª Delegacia de Defesa da Mulher.

No dia 13 de abril, Adriana se juntou a Bárbara e fez uma denúncia ao Conselho Regional de Medicina de SP (Cremesp). “Temos convicção de que existem outras vítimas e acreditamos no poder e responsabilidade da imprensa, para que possamos parar as condutas criminosas que ocorrem dentro de um consultório médico, num momento em que as vítimas estão vulneráveis”, diz nota divulgada pelas vítimas.

Todos os crimes, segundo as vítimas, teriam ocorrido no consultório particular de Ghorayeb, no bairro do Ipiranga, região central de São Paulo. O médico é professor de pós-graduação em cardiologia do Instituto Dante Pazzanese, da Faculdade de Medicina da USP, e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Ele também é colunista do site Globo Esporte e autor de quatro livros de medicina, sendo que um deles lhe rendeu em 2000 o Prêmio Jabuti de literatura, o mais importante do país, na área de ciência e saúde.

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Outro Lado

Em nota, a defesa do cardiologista diz que “são inverídicas, infundadas e descabidas as acusações a ele atribuídas” e que ele “não consegue entender a motivação de acusações caluniosas e difamatórias, sem apresentar nenhuma prova”. Ghorayeb declarou que tem “mais de 50 anos dedicados à medicina, cujo resultado é o respeito dos seus pacientes, dos seus pares e a conquista de uma reputação ilibada”. O médico afirmou que nunca passou por uma “situação semelhante na atividade profissional ou na vida pessoal” e prometeu que “medidas judiciais serão adotadas contra irresponsáveis declarações”.

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