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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Melancolia e incerteza marcam convenção do MDB e futuro da terceira via

Rachado, partido debate virtualmente a candidatura presidencial de Simone Tebet no capítulo final da saga do centro político para se opor a Lula e Bolsonaro

Por José Benedito da Silva Atualizado em 27 jul 2022, 16h31 - Publicado em 27 jul 2022, 07h00

O MDB realiza nesta quarta-feira, 27, a convenção nacional da legenda sob a sombra de duas certezas absolutas. Uma é que o partido vai caminhar rachado, talvez como nunca, na eleição presidencial. A outra é que a terceira via, representada pela senadora Simone Tebet (MS), será um pálido retrato da frente democrática de centro que se esboçou em algum momento da pré-campanha.

Desde o fim da ditadura militar, o MDB sempre foi uma federação de interesses regionais e sua orientação partidária foi continuamente guiada pelas circunstâncias de poder. Esteve com José Sarney na volta à democracia, ajudou Itamar Franco, FHC e Lula a governarem, emplacou o vice de Dilma Roussef (PT) – Michel Temer, que depois virou presidente – e fragmentou-se como nunca com a ascensão de Jair Bolsonaro (PL).

Ao menos onze diretórios regionais gostariam que o partido estivesse discutindo hoje o apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no momento o candidato que tem a maior perspectiva de poder. Outra ala gostaria de andar de mãos dadas com Bolsonaro, também um candidato competitivo para a votação de outubro. E uma parte defende publicamente a candidatura de Tebet, a começar pelo próprio Temer.

O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e o ex-presidente Michel Temer em reunião na qual trataram da convenção do MDB
O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e o ex-presidente Michel Temer, em reunião na qual trataram da convenção do MDB e da candidatura de Tebet // (Divulgação/Divulgação)

Na segunda-feira 25, um político ligado ao senador Renan Calheiros (AL), maior porta-voz de Lula no MDB, tentou suspender a convenção, iniciativa que foi frustrada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin. Há risco ainda, no entanto, de outras ações judiciais tumultuarem o encontro antes e durante a reunião dos delegados do MDB, prevista para ocorrer das 10h às 14h.

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Sem festa

O formato virtual de votação, por meio da plataforma Zoom, já dá o tom da melancolia que marca a reunião partidária, a única entre as grandes legendas que não será presencial, como convém a esse tipo de evento, geralmente transformado em uma espécie de festa da largada de uma determinada candidatura.

Tebet, apesar de tudo, é uma vencedora, porque conseguiu levar seu nome à convenção de um dos partidos que desde o ano passado vêm tentando construir a chamada terceira via. O PSDB abandonou o ex-governador João Doria (SP) pelo caminho, numa guerra suja de bastidores que talvez deixe marcas profundas no partido que governou o país por oito anos. O União Brasil, a fusão de DEM e PSL, que virou a legenda mais rica do centro, preferiu lançar o nome de Luciano Bivar, postulação que não se sabe se resistirá até a data-limite, 5 de agosto.

A senadora tinha ao menos a pretensão de ter um tucano como candidato a vice, e o nome de preferência era o do senador Tasso Jereissati (CE), um dos remanescentes da época de ouro do PSDB, mas nem isso é certo mais. Tasso estará, nesta mesma quarta, presencialmente, conversando com Lula em São Paulo.

Com Tebet deverá marchar apenas o Cidadania, um partido pequeno, oriundo do antigo PPS e um velho parceiro do PSDB em outras campanhas eleitorais. Fora Baleia Rossi, presidente do MDB, o dirigente partidário que mais defende o nome de Tebet nas redes sociais é Roberto Freire, o dirigente maior do Cidadania.

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Rachas

Mas talvez seja pouco para Tebet fazer frente aos dois líderes da pesquisa, Lula e Bolsonaro, que juntos arrastam mais de 75% dos votos. Tebet, na pesquisa mais otimista, tem 4%. “Temos pesquisas qualitativas que mostram forte potencial de crescimento de Simone Tebet”, afirma Baleia Rossi, ao relatar uma mensagem que levou a Temer.

O ex-presidente Lula com caciques do MDB durante reunião em São Paulo
Lula com caciques do MDB de onze estados, durante uma reunião em São Paulo, no último dia 18, na qual declararam apoio ao petista // (Sergio Quintella/VEJA)

A candidatura de Tebet foi aprovada por unanimidade por todos os membros de sua Executiva Nacional no último dia 15, mas nos estados os caciques apontam para outro lado. “Hoje finalizamos os últimos detalhes da grande convenção conjunta do MDB, PT e todos os demais partidos que irão compor o arco de aliança. Será no sábado, dia 30, a partir das 9h, no Centro de Eventos, e terá a presença de Lula presidente”, anunciou, na terça 26, o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB), sobre o encontro no Ceará. “As peculiaridades dessas eleições exigem reflexão e responsabilidade. As sondagens eleitorais são muito eloquentes. Hoje dois institutos confirmaram a liderança de Lula”, disse um dia antes o senador Renan Calheiros.

O desfecho da convenção desta quarta-feira e o desenrolar dos acontecimentos antes do início oficial da campanha, sobretudo as próximas pesquisas de intenção de voto, vão definir que tamanho terá a candidatura de Tebet e, principalmente, qual será o futuro da terceira via – não só na eleição deste ano, mas principalmente no que virá depois.

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