Lula desabafa sobre relação com Congresso: ‘Esforço para governar’
Presidente comentou dificuldade na aprovação da MP dos Ministérios e necessidade de negociação com parlamentares
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar, nesta sexta-feira, 2, sobre a dificuldade de negociar com o Congresso Nacional. A relação com o Legislativo tem sido marcada por tropeços — o último episódio foi a demora na aprovação da Medida Provisória (MP) dos Ministérios, creditada, além da resistência de deputados, à inaptidão da articulação do governo.
Em evento de inauguração de prédio no campus da UFABC (Universidade Federal do ABC), em São Bernardo do Campo, Lula queixou-se de que a esquerda tem votos insuficientes na Câmara para aprovar medidas simples e que, por isso, é preciso “esforço para governar”.
“Não é só ganhar uma eleição. Você ganha a eleição e depois precisa passar o tempo conversando para ver se consegue aprovar uma coisa. É importante que vocês saibam o esforço para governar. Ontem a gente corria o risco de não aprovar o sistema de organização do governo que fizemos. (…) Você tem que conversar com quem não gosta da gente, com quem não votou na gente”, afirmou o presidente.
Acompanhado de tropa de choque do primeiro escalão — com ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Renan Filho (Transportes) –, Lula comparou a relação do governo com o Congresso com a vida familiar e disse que “se não fizer concessão, você se mata dentro de casa”.
Reestruturação
Analisado inicialmente pela Câmara na quarta-feira, 31, o texto foi aprovado após um longo dia de negociações em Brasília entre o Planalto e o Congresso. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a reclamar da falta de articulação do governo. Na quinta-feira, 1º, a proposta foi aprovada pelo Senado.
De autoria do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), o relatório tem como principais mudanças as atribuições do Ministério do Meio Ambiente, de Marina Silva. O texto retira da pasta a Política Nacional de Recursos Hídricos e a gestão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) em âmbito federal. Em função das alterações, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional permanece, como no governo anterior, com os recursos hídricos, contando, em sua estrutura, com o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e a Agência Nacional de Águas (ANA), que passa a cuidar ainda do Saneamento Básico. O CAR ficará com o Ministério de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.