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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Líder do governo cita Moro para defender Bolsonaro em polêmica com a OAB

Presidente da entidade chamou ministro da Justiça de 'chefe de quadrilha', com base em sua atuação no inquérito sobre a invasão a celulares de autoridades

Por André Siqueira Atualizado em 29 jul 2019, 21h27 - Publicado em 29 jul 2019, 21h21

O líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro na polêmica envolvendo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, e a morte de seu pai, Fernando Santa Cruz.

De manhã, nesta segunda-feira, 29, Bolsonaro disse que “um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade”. Após repercussão negativa entre entidades de Justiça e direitos humanos e críticas de líderes políticos, o presidente voltou a se manifestar a tarde, em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, enquanto cortava o cabelo. 

Bolsonaro afirmou que o pai de Santa Cruz, desaparecido durante a ditadura militar, quando militava na APML (Ação Popular Marxista-Leninista), grupo de esquerda que combatia o regime, foi morto pelos próprios guerrilheiros. “Eles resolveram sumir com o pai do Santa Cruz, essa é a informação que eu tive na época sobre esse episódio”, disse. “Não foram os militares que mataram ele, não, tá? É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece”, acrescentou.

Em sua conta oficial no Twitter, Major Vitor Hugo chamou de “hipócritas” os críticos de Bolsonaro e alfinetou o presidente da OAB. “Chamar o responsável pela maior operação de combate à corrupção do Brasil de “chefe de quadrilha” pode; agora, falar sobre os justiçamentos contra seus próprios membros, feitos por comunistas durante o regime militar, é um absurdo. Hipócritas, deixem o Capitão trabalhar”, diz a publicação.

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Na sexta-feira 26, Santa Cruz disse à jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, que o ministro da Justiça Sergio Moro “usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas” pela Operação Spoofing, que prendeu os hackers responsáveis pela invasão do celular de pelo menos 1.000 autoridades, entre elas Bolsonaro, Moro e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Apesar da publicação do líder do governo – e das falas de Bolsonaro -, o próprio Estado reconhece que Fernando Santa Cruz foi morto pelos militares. A coluna Radar revelou que a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, um colegiado do Estado, vai emitir um atestado de óbito que reconhece que Fernando Santa Cruz  morreu vítima da ditadura.

A comissão vai expedir no fim de agosto o documento com o reconhecimento do Estado pela sua morte, as circunstâncias em que se deram e também o pedido oficial de desculpas aos familiares. De outros casos também. Essa cerimônia já estava prevista desde maio. O atestado segue para o cartório que emitirá a nova certidão de óbito, contendo essas informações.

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O atestado vai dizer que Fernando foi morto provavelmente em 23 de fevereiro de 1974, no Rio: “Morreu de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985” – diz o documento oficial da comissão, ao qual Radar teve acesso.

Podcast

O jornalista Thomas Traumann analisa a frase de Bolsonaro sobre o pai do presidente da OAB e outras declarações polêmicas que o presidente da República deu recentemente.

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