Leite acompanha crise do PSDB à distância, mas ainda sonha com o Planalto
Segundo pessoas próximas, ex-governador gaúcho ainda espera ser chamado para disputar a Presidência, mas não fará nenhum gesto para desgastar mais Doria
Em meio ao acirramento da crise interna no PSDB em torno da pré-candidatura do ex-governador paulista João Doria à Presidência da República, um nome relevante para o debate se manteve afastado da confusão: Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul e derrotado por Doria nas prévias presidenciais de novembro.
Na terça-feira, 17, membros da direção nacional do PSDB se reuniram em Brasília em reação à carta divulgada por Doria na qual o ex-governador de São Paulo acusava a cúpula tucana de tentar impedir a sua candidatura. No encontro, ficou claro que a maioria dos dirigentes nacionais tem resistência ao nome de Doria e aposta em um acordo com o MDB em torno da candidatura da senadora Simone Tebet.
Leite está em Porto Alegre, segundo pessoas próximas, trabalhando na construção de alianças políticas para a campanha de Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), atual governador e pré-candidato tucano ao Palácio Piratini. Vieira Júnior era o vice da chapa em 2018 e herdou o cargo quando Leite renunciou, em 31 de março deste ano, já com a pretensão de se manter no páreo presidencial.
O tucano gaúcho não desistiu de ser o nome nacional da legenda. Eduardo Leite tem apoio de uma ala do partido para ser o presidenciável da terceira via e, em caso de desistência de Doria, aceitaria sem titubear um convite do PSDB para compor uma chapa com o MDB. Os apoiadores só garantem que ele não fará nenhum movimento para pressionar ainda mais o correligionário de São Paulo. “Não vai se envolver de maneira alguma [na disputa interna]. Só está assistindo pela TV”, disse um de seus conselheiros.
Uma prova de que o ex-governador gaúcho ainda pensa em concorrer ao Planalto é que, apesar da pressão do PSDB local, ele não cogita disputar o governo estadual. A avaliação de Leite é que isso seria um passo atrás em relação à renúncia ao cargo em abril (ele poderia ter disputado a eleição no cargo) e à promessa de que não tentaria a reeleição, feita há quatro anos.