Jair Bolsonaro é um crítico contumaz da TV Globo, a quem acusa de fazer oposição ao seu governo, embora o que a emissora faça seja jornalismo. A birra do presidente é tamanha que ele já posou com um cartaz escrito “Globolixo”, hashtag que os seus seguidores sobem com frequência no Twitter toda vez que o bolsonarismo se sente contrariado. O presidente também já ameaçou não renovar a concessão pública da emissora, que vence em outubro deste ano.
Mas os ataques públicos não encontram eco nas verbas que a Globo vem recebendo de publicidade oficial. No ano passado, segundo dados da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), as emissoras do grupo receberam 65,5 milhões de reais, o que o colocou novamente em primeiro lugar, voltando a superar a Record, emissora por quem o governo tem mais simpatia pública, que ficou com 53,9 milhões de reais. Em 2020, a situação era inversa: a emissora do bispo Edir Macedo liderava com 59,2 milhões de reais, enquanto o conglomerado da família Marinho vinha em segundo, com 51,9 milhões de reais.
A TV Jovem Pan, por quem o bolsonarismo tem simpatia e até faz propaganda nas redes sociais, estreou em outubro e recebeu apenas 43.320 reais, segundo a planilha da Secom, por duas campanhas envolvendo o Auxílio Brasil.
A quantia de 65,5 milhões destinada à Globo é a soma de todos os repasses feitos à emissora nacional, a suas afiliadas e aos canais da TV fechada, como Globonews e Multishow. Os repasses foram para a veiculação de campanhas públicas, como as de vacinação, combate ao Aedes Aegypti e uso consciente da água, e de divulgação de iniciativas do governo, como a implantação do 5G.