Gilberto Kassab ‘sem pressa’ para encontrar ‘plano D’ do PSD à Presidência
Presidente do partido diz que, como não há mais chance de filiar quadros de outras siglas, não há urgência na definição da candidatura própria
Passada a primeira semana após o fim da janela partidária, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, diz que a sigla não tem pressa para definir um nome que a represente na corrida presidencial. Na última semana, Kassab disse a VEJA que as conversas internas começariam após o fim do troca-troca partidário, mas as tratativas ainda não se iniciaram – muito por conta de uma gripe que o derrubou nesta semana e o confinou em São Paulo.
“Estamos começando ainda, essa semana foi curta. Estamos sem pressa. Antes tínhamos pressa porque havia oportunidade de filiar algum nome de fora, agora não. Não tem nenhum nome porque não começamos a selecionar”, afirmou Kassab a VEJA nesta quinta-feira, 7. O ex-ministro nega categoricamente a possibilidade dele próprio ser o candidato: “Chance zero”.
O PSD inicialmente havia lançado o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), que desistiu da corrida presidencial, e depois tentou filiar o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, mas ele preferiu ficar no PSDB e costurar uma candidatura presidencial alternativa à de João Doria no tucanato. Recém-filiado ao partido de Kassab, o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung também resiste à ideia de encarnar a candidatura presidencial.
Diante das dificuldades de Kassab em encontrar o nome que encampe a candidatura própria do PSD, diferentes alas de parlamentares da sigla passaram a defender com mais desenvoltura nos bastidores que haja uma liberação de suas posições nos estados em relação à eleição presidencial – o PSD tem deputados e senadores alinhados ao PT e ao presidente Jair Bolsonaro.
Defendida pelo cacique do PSD desde o início do ano passado, a candidatura própria é vista por pessedistas como uma estratégia para acomodar as diferentes correntes ideológicas que convivem dentro da sigla no primeiro turno da eleição ao Planalto. Assim, a possibilidade de palanques duplos nos estados já é precificada dentro da sigla.
Há importantes líderes pessedistas mais alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), a exemplo do governador do Paraná, Ratinho Junior, e parte da bancada da sigla na Câmara, e outros mais afeitos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como os senadores Otto Alencar (BA) e Omar Aziz (AM), ambos vice-presidentes do PSD. Para um segundo turno, Gilberto Kassab já deu sinais claros de que pretende caminhar com Lula.
Líderes de outros partidos de centro, como PSDB, União Brasil e MDB, que negociam uma coligação para a eleição, veem a insistência de Kassab em lançar um nome do PSD ao Palácio do Planalto como tentativa de tumultuar a chamada terceira via, alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro, e valorizar-se para uma aliança com o petista na parte decisiva do pleito.