Escândalo Prevent Senior: grupo de vítimas critica fim da investigação
Na quarta-feira, 19, a Polícia Civil de SP encerrou inquérito e concluiu que a operadora não cometeu crime no tratamento de pacientes com Covid-19

O Grupo de Trabalho das Vítimas da Prevent Senior, que faz parte da Associação Nacional Vida e Justiça em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid, criticou o encerramento das investigações da Polícia Civil de São Paulo sobre a Prevent Senior, acusada de irregularidades em tratamento de pacientes durante a pandemia.
Na quarta-feira, 19, a Polícia Civil divulgou um relatório no qual conclui que não houve ilícito penal por parte da operadora. O documento foi enviado ao Ministério Público Estadual, que havia pedido a investigação.
Após a divulgação da conclusão policial, o grupo de vítimas emitiu uma nota na qual chamou o relatório de “mal alinhavado” e “resultado de uma investigação quase que superficial”.
A principal crítica é ao fato de a polícia não ter ouvido parentes de vítimas ou pacientes que tenham sobrevivido à doença e tenham acusações a fazer. “Sem que se ouçam as vítimas ou testemunhas dos alegados crimes, o que se tem é uma peça crua, com conclusões pueris e pouco críveis de fatos que seguramente não foram apresentados, ou seja, não se apuraram”, afirma Tércio Belmonte, cujo pai morreu de Covid-19 no hospital.
No inquérito, a delegada Lisandrea Zonzini Colabuono relata que foram tomados depoimentos de quinze pessoas, entre integrantes da direção e do corpo clínico da Prevent Senior, além de três ex-médicos, que fizeram acusações à rede.
Sobre as vítimas, a investigação pediu laudos periciais de cinco mortos, entre eles Regina Modesti Hang (mãe do empresário Luciano Hang) e Antony Wong (médico que ficou famoso por defender o uso da cloroquina no tratamento). Sobre parentes de mortos, a única pessoa ouvida foi Sueli Matheus, viúva do enfermeiro André Araújo Cruz, que morreu de Covid-19.
“É um clima de frustração muito grande entre pessoas que ficaram internadas e que perderam familiares tratados pela Prevent Senior”, disse Renato Simões, coordenador executivo do grupo. “As vítimas e seus familiares não aceitam esse triste desfecho de uma investigação que mal tinha começado e já foi abortada por esse relatório final inconsistente e parcial”, afirma a nota divulgada pelo grupo de vítimas.
A investigação criminal sobre o caso vai continuar no Ministério Público, até porque o órgão recebeu um relatório da CPI instalada pela Câmara Municipal pedindo o indiciamento de 20 pessoas. Segundo Renato Simões, o MP tem sido mais “coerente e aberto à participação das vítimas”.
Sem ilícito penal
No relatório, a delegada Lisandrea Zonzini Colabuono afirma que “não foram encontrados elementos informativos caracterizadores de ilícito penal praticados pelos funcionários da operadora de saúde, nem por médicos e ex-funcionários desta”. “Todos os laudos periciais realizados através da análise dos prontuários médicos das vítimas descrevem que a causa mortis seria Covid-19, mas não é possível relacionar este resultado ao tratamento aplicado, não havendo, portanto, qualquer nexo de causalidade”, aponta.
A delegada lembrou ainda que os fatos apurados ocorreram em 2020, no início da pandemia, quando não estavam definidos claramente os protocolos de tratamento da Covid-19. “Trata-se de um período em que quase diariamente eram publicadas recomendações por parte das autoridades médicas, afetando principalmente os médicos que atuavam no front”.
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