Corregedoria afasta oito PMs da escolta de empresário morto no aeroporto
Além de infração administrativa, policiais poderão responder por crime militar por prestar serviço a envolvido com o crime organizado
Oito policiais militares que faziam a escolta particular do empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, assassinado a tiros no aeroporto de Guarulhos na sexta-feira passada, 8, foram afastados de suas funções. A ordem foi assinada pelo coronel Fábio Sérgio do Amaral, chefe da Corregedoria da PM de São Paulo e integrante da força-tarefa criada pela secretaria de Segurança Pública nesta segunda-feira, 11, para investigar o caso.
Os PMs já eram investigados pela Corregedoria justamente pelo fato de fornecerem escolta policial ao empresário, que havia firmado acordo de delação premiada com o Ministério Público. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que se trata de um caso que vai além da infração administrativa, uma vez que PMs são proibidos de fazer escolta particular pelo regimento disciplinar da categoria, mas de crime militar, porque os policiais estavam prestando serviço para um indivíduo que tinha ligações estreitas com o crime organizado.
“Eles estavam trabalhando para um criminoso”, afirmou o secretário. Ele lembrou que Gritzbach foi condenado por diversos crimes, entre eles lavagem de dinheiro, e era investigado pelo assassinato de dois integrantes do PCC.
Os PMs já foram chamados pela Corregedoria para prestar esclarecimentos no inquérito militar que apura o envolvimento do grupo na escolta. Os telefones celulares de todos os policiais que estavam no dia do crime foram apreendidos e passam por perícia técnica.
Além deles, a Corregedoria da Polícia Civil também investiga, desde outubro, policiais civis que foram citados por Gritzbach no acordo de colaboração. Aos promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), ele apontou casos de corrupção que teriam sido cometidos por policiais de duas delegacias e dois departamentos da Polícia Civil.
Gritzbach acusou agentes da Polícia Civil ligados ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e aos Distritos Policiais 24 (Ermelino Matarazzo) e 30 (Tatuapé). As citações envolvem os crimes de corrupção passiva, associação criminosa e concussão (quando um servidor público exige vantagem indevida). A investigação para a individualização das condutas de cada policial segue em sigilo.